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Beware! BEWARE!

16 anos atrás

Uma amiga disse pejorativamente que às vezes eu pareço uma “chefe de departamento” jogando. “Pô, Ale, a gente te ama, mas isso é meio Dark Ale”.

É verdade. Aquelas características chatas que fazem parte da minha personalidade e ficam escondidas a maior parte do tempo – meus mandos e desmandos, tendência a superproteção, ressentimentos, frieza, arrogância e complexo de superioridade – afloram em alguns momentos de jogo. Enquanto mantenho estes demônios interiores domesticados a maior parte do tempo na vida real, no jogo eles acabam escapando.

Escapando, não. Eu os deixo soltos. Deliberadamente. Como acho que em muitas situações estes demônios (e não estou falando da minha sucuba) são necessários, eu os libero pra tacar o terror entre meus amigos, conhecidos e principalmente desconhecidos.

Conta pra tia: você deixa aflorar seu lado negro durante um jogo? E acha isso bonito?

Na maioria dos jogos coletivos há falta de líderes, e esse perfil de ditadora italiana que está entranhado nos meus genes acaba sendo muito útil. Às vezes, quem ataca é a espiã alemã, diplomata ao extremo, mas que não hesita em ler a sua correspondência ou mexer seus pauzinhos pra mudar o curso da história. E às vezes o demônio da hora é só um sacizinho, que prepara pequenas armadilhas pras pessoas de que não gosto ou que não acho boas para a coletividade.

Vejam bem: não sei exatamente se estes são “demônios”. Meu caráter continua sendo bom, continuo sendo uma pessoa essencialmente boazinha. Mas por que eu deixo essas características aflorarem mais no jogo que no trabalho, por exemplo? Algumas dessas características também seriam úteis por lá.

Eu acho que quem joga um MMORPG coloca muito mais de si nos personagens do que imagina. Mas, obviamente, escolhemos que facetas mostrar para cada grupo social do qual fazemos parte. O que determina estas escolhas? É algo consciente? Inconsciente?

Lembro de uma enciclopédia médica que eu folheava quando tinha uns 10 anos de idade (sim, eu sou nerd desde pequenininha). Tinha uma explicação de algum conceito de psicanálise que eu não me recordo ilustrado com 3 perfis:

- Como eu realmente sou

- Como eu me vejo

- Como eu acho que os outros me vêem

Não adianta dizer “meu personagem é completamente diferente de mim” porque não é verdade. Ele reflete sempre um ou mais destes pontos.

E você, concorda? Discorda? Ou muito pelo contrário?

Quem me dera meu lado negro fosse assim. BEWARE!


Bela Lugosi em Glen or Glenda.

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