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Como assim como eu vim parar aqui?

16 anos atrás

O Slashdot lançou um site de banalidades, onde kibaram o MeioBit (foi uma kibada espiritural, não intencional) com uma seção Salsas & Caretas. Logo de cara um sujeito insiste em ter sua conta de volta, não consegue acessar, etc. Ele nem tem email cadastrado no Slashdot. Após alguma pesquisa, o responsável pelo site descobre: O cara tem uma conta da America Online, está acessando de uma biblioteca e não tem a mínima idéia do que seja o Slashdot.

O usuário acaba se revoltando:

"Se você não pode me ajudar porque você está no Google quando eu digito 'ajuda com a Internet'? Se você não pode ajudar as pessoas com o que elas precisam então talvez você não devesse estar no Google"

Eu estou reconhecendo um padrão. Durante um tempo trabalhei em um provedor chamado Infolink. Éramos pequenininhos mas limpinhos. Um de nossos concorrentes era o OpenLink. Adorávamos quando faziam campanha na mídia, ou espalhavam cartazes. Sempre recebíamos vários telefonemas de clientes querendo se cadastrar. Viam o outdoor, chegavam em casa, abriam o jornal, davam de cara com vários anúncios, o nosso era melhor posicionado, pimba. Cliente fisgado.

Na cabeça deles era tudo internet. O lado ruim é que recebíamos muito telefonema de suporte de gente de outros provedores querendo ajuda. Em geral era coisa simples, então o pessoal ajudava, explicando que NÃO era o provedor dele, mas tudo bem. Isso nos trouxe um bom número de clientes. Só que outras vezes tinha gente xingando, pois não aceitavam que um provedor NÃO pudesse trocar senhas perdidas ou mudar endereços de pagamento de outro.

"Não é tudo Internet? É tudo a mesma coisa, vocês que estão de má-vontade"

Essa visão persiste. Não nos provedores (embora eu não duvide) mas nos serviços. Nós, geeks sabemos diferenciar o que é um plugin, o que é um banner, o que é um post falando de um serviço e o que é o site de uma empresa. Nós temos noção do que é a Internet. Os usuários comuns (nem digo salsinhas) muitas vezes entendem a Internet como uma entidade única. O Google ou o MSN são a ÚNICA etapa que eles reconhecem. Assumem que dali serão levados para a solução de seus problemas. Por isso os links na primeira página são tão desejados pelos especialistas em SEO - Search Engine Optimization.

No MeioBit vemos muito isso. O sujeito acha que digitando "Telefonica atendimento" no Google o levará automaticamente a um algum lugar da Telefonica que fará atendimento. Assumindo isso, só precisa procurar o formulário de contato. Esse usuário é cego para TODO o site, ele não examina o ambiente ou pensa no que está vendo. Não precisa, ele tem uma fé quase messiânica de que está no lugar certo.

Esse usuário é burro? É sim, claro que é. Mas como todo animal de tração pode e deve ser adestrado. É preciso explicar a Internet como ela É, não deixar que ele deduza um modelo esotérico baseado em filmes ruins de ficção científica. Com isso não só ele vai conseguir achar mais fácil o que precisa como terá menos chance de cair em golpes que para nós são óbvios.

Por outro lado perderemos o melhor do MeioBit, os posts do Marcellus.

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