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Você dá o devido valor ao seu trabalho?

16 anos atrás

Eis que surge uma oportunidade de criar um website, simples, 10 páginas no máximo, com formulário de contato, histórico, uma lista de produtos e serviços, informações relevantes, galeria de fotos e que deva funcionar bem com webstandards. Perfeito. O profissional deverá criar a arte, montar o código, registrar o domínio, exibir as telas, testar e entregar. E ainda configurar as contas de e-mail e vários outros detalhes. No meio da criação, o cliente pede para migrar o formulário de cadastro de clientes de um "sisteminha" em Access e colocar ele na web também, alimentando a mesma base (mudança de escopo, entubação, vocês sabem).

Agora, use seu bom senso e uma boa dose de chutometria para adivinhar quanto foi cobrado e a reação do cliente.

Seiscentos reais (R$ 600,00) pela totalidade dos serviços, com mais 30 dias de garantia. O acordo foi feito informalmente e obviamente, esse tipo de serviço deveria ser feito em no máximo 16 horas. O problema é que a arte foi recusada várias vezes, as fontes, layout. Ao todo, foram propostos 8 designs diferentes, sendo que o esquema de cores foi alterado 2 vezes em cada layout, gerando 12 opções. O cliente optou pela folha de estilo número 9 e depois pediu a 11 e finalmente ficou a 4.

Quando chegou o dia de acertar as contas, o cliente diz que o acertado estava caro e queria um desconto, afinal, tiveram muitos problemas e atrasos. Disse que pagaria 100 reais menos por causa disso. Lembre-se: não há contrato, apenas e-mails. O estresse continuou por algumas semanas, até que um dos sócios pagou o combinado e o website está até hoje no ar, abandonado, mas ainda assim, funcionando. Ah, sim, o "sisteminha" nunca ficou pronto, pois não foi pensada numa forma de sincronizar a base de dados em um desktop com um sistema hospedado.

A maioria das pessoas não têm a mínima noção de como criar aplicativos. Os leigos não conseguem mensurar algo que não tem forma, não brilha, nem mesmo está num papel. A mesma pessoa capaz de gastar 200 reais num restaurante, porque comeu uma boa carne e bebeu um bom vinho, acha um absurdo um sistema de controle da própria empresa custar 5 mil. A falta de planejamento, mesmo feito com lápis e papel, acaba fazendo com que se trabalhe muito mais e no final você só quer livrar-se da dor de cabeça. Por causa de problemas assim, recorrentes, quando alguém reclama do preço, o profissional acaba cedendo. O valor dado ao próprio trabalho não diminui por causa da falta de competência, mas sim por falta de uma abordagem de trabalho, uma melhor organização.

Moral do Post:

- Um contrato é importante para selar o acordo. Dê valor ao que você faz e coloque no papel. É impressionante o efeito psicológico que a escrita possui.
- Condicione entregas a pagamentos. Se o cliente quer pagar em 3 vezes, crie 3 entregas, com um pagamento a cada entrega. Tem muito picareta no mercado.
- Em cada entrega, discrimine cada um dos serviços prestados. Isso irá educar o seu cliente que um software não acontece em um passe de mágica.
- Organize-se. Crie sua própria metodologia de trabalho ou use uma com o qual se identifique e funcione para você, mesmo que seja em guardanapos.
- Scrum, Iconix, Extreme Programming, RUP são metodologias criadas para resolver problemas: pode pegar emprestado de todas elas. Exemplo? Use protótipos como no RUP e aplique Extreme Programming nas alterações desse protótipo. Use o sistema de lista de tarefas e prioridades do Scrum para fechar o design e não deixar as alterações de escopo inteferirem nas entregas.

Fonte: Bicalho's Memory About Fraked Up Projects

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