Joel Nascimento Jr. 11 anos atrás
Desde o dia 6 do presente mês o país está sendo varrido por uma onda democrática como não se via desde o movimento dos “caras-pintadas” que desaguou no processo de impeachment do então presidente Fernando Collor.
Uma manifestação que inicialmente protestou contra o aumento da tarifa de transporte público em São Paulo acabou se alastrando pelas principais cidades do país e hoje “não é apenas pelos 20 centavos” virou o bordão de uma população indignada com eventos esportivos multibilionários, desnível social, violência, inflação e todos os problemas nacionais que qualquer um de nós conhecemos.
Mas, diferente das manifestações de 1992, que nós só assistimos pela TV, a revolução desta geração usa de forma brutal tudo que a tecnologia pessoal pode oferecer. Aliás, usa e usa bem, de forma crua, imediata. Abaixo vamos mostrar como o manifestante moderno não protesta de forma solitária e como os veículos tradicionais de comunicação são meros peixe-pilotos consumindo as sobras do que todos viram antes nas redes sociais.
Já no primeiro dia de conflitos nas ruas de São Paulo, as redes sociais, principalmente o Twitter, por seu caráter de tempo real, já despejavam fotos e relatos de tudo que estava acontecendo. Usando hashtags, era possível acompanhar o andamento de toda a marcha, e até mesmo saber da tensão entre manifestantes e policiais antes mesmo do confronto entre manifestanes e policiais começar. Aliás, as hashtags têm sido a grande estrela para acompanharmos em tempo real os acontecimentos. O recurso inclusive pode ser usado no Facebook.
Não demorou muito, o YouTube passou a acolher videos feitos por celulares dos manifestantes. Atualmente, existem cerca de 4 mil vídeos só com a entrada “Protesto SP”. Também no YouTube o vídeo do movimento Change Brazil, que explica principalmente para os estrangeiros os motivos das manifestações. O vídeo, já passou das 700 mil visitas.
Nos protestos marcados para hoje, o sempre engajado Marco Gomes disponibilizou um mapa colaborativo onde é possível obter informações sobre localização de grupos de manifestantes e até mesmo qual o tipo de abordagem dos policiais. Também existe uma app compatível com iOS e Android. Mais detalhes, neste link.
Ainda sobre infraestrutura, corre pelas redes sociais o pedido de que quem mora próximo aos eventos liberem a senha do Wi-Fi, para que as comunicações se tornem mais simples. Avisos de onde se localiza tropas policiais ou até mesmo pessoas feridas são espalhadas de forma imediata através do Twitter.
O resultado disto tudo é um volume de informações e opiniões esmagador, quando em comparação com os noticiários dos canais de TV. Uma pessoa que acessar as redes no início da noite de hoje terá mais notícias e presenciará mais fatos do que o jornal do horário nobre, que não tem destinado sequer 10 minutos do seu tempo para um breve resumo.
No protesto da Era Digital, todo manifestante é um canal de informações, cada celular é um veículo de comunicação em tempo real, cada webcam na janela é um olhar para milhares de pessoas ao redor da web e você pode ter certeza: a revolução será tuitada.
Seguem alguns links informativos para quem vai acompanhar os eventos pessoalmente ou pela web:
O Meio Bit deseja que todos os leitores que forem participar tenham uma noite de manifestações segura e consciente. E quem quiser compartilhar sua experiência conosco, fique à vontade.