Você está sozinho em uma plataforma de petróleo, lá no Mar do Norte. Repentinamente, um incêndio começa a consumir a plataforma, com direito a labaredas e muitas chamas. É hora de tomar uma decisão: ficar na construção e ser consumido pelo fogo ou pular de cabeça num dos mares mais gelados do mundo. O que você faria?

Foi com essa história que Stephen Elop, o CEO da Nokia desde setembro do ano passado, iniciou um longo e tenebroso memorando, que foi publicado na rede interna dos funcionários da empresa. Se você tinha dúvidas de que a Nokia estava em apuros, fique sabendo que o próprio presidente da fabricante afirma isso.

Elop compartilhou uma série de ponderações acerca do desempenho da Nokia, que está muito aquém do esperado. A empresa seria a plataforma de petróleo em chamas, e cabe a ele decidir o que precisa ser feito para salvá-la enquanto há tempo.

Um dos motivos para a Nokia se ver em situação tão difícil é o iPhone, que foi apresentado pela Apple em 2007. Segundo Elop, é “inacreditável” que a Nokia ainda não consiga oferecer um produto cuja experiência de uso seja tão agradável como a do smartphone da maçã. O próprio CEO admite que a escalada da Apple é impressionante: de 25% de participação no mercado de aparelhos que custam 300 dólares ou mais em 2008 para 61% no ano passado.

Cadê o iPhone Killer da Nokia? Até mesmo Stephen Elop se faz  essa pergunta.

Outro fator que taca mais fogo na plataforma chamada Nokia é o Android. Elop não poupou elogios aos dizer que o Google é uma “força gravitacional” que atrai muito da inovação da indústria de smartphones para o seu núcleo. Não é por acaso que o Android cresce a passos galopantes.

Para completar, a Nokia ainda tem que competir com os chineses, que criam aparelhos a preços muito baixos, com sistemas de qualidade duvidosa, numa velocidade extremamente rápida. Como exemplo do contraste, o MeeGo prometido para o ano passado corre o risco de ter apenas um aparelho rodando o sistema ainda nesse ano. Atrasos e mais atrasos fizeram com que esse cenário nebuloso fosse pintado, para desespero da nokia.

“Nós ficamos para trás, perdemos as grandes tendências, e perdemos tempo”, segue Stephen Elop no memorando. Ele diz que foi-se o tempo dos dispositivos que competem com outros dispositivos.

Atualmente o que existe é a guerra de ecossistemas, na qual “ecossistemas incluem não apenas o hardware ou o software do dispositivo, mas também desenvolvedores, aplicativos, e-commerce, publicidade, busca, aplicações sociais, serviços baseados em localização geográfica, comunicação unificada e muitas outras coisas”. Não é surpresa para ninguém que a Nokia esteja longe de oferecer um ecossistema com essas características.

Como fica a situação do Symbian? Segundo o CEO da Nokia, esse sistema não é só anti-competitivo em mercados importantes como o dos Estados Unidos, como mostrou-se cada vez mais complicado para que desenvolvedores o adotem e ainda assim consigam perseguir tendências de hardware e software. Em outras palavras, ficou para trás.

Já no fim do memorando, Stephen Elop diz que chegou a hora de decidir se a Nokia vai construir ecossistemas, catalisar algum deles e ou juntar-se a algum que já existe. O que você acha que vai acontecer? Será que dá tempo de apagar esse incêndio?

Com informações: PC World, Engadget.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

Canal Exclusivo

Relacionados