A D8 é a oitava edição da conferência “D: All Things Digital”, organizada pelo grupo News Corp, de Rupert Murdoch — que foi quem fez a abertura da conferência na noite de ontem. Foi na quinta edição dessa conferência (em 2007) que Steve Jobs e Bill Gates foram entrevistados juntos por Walt Mossberg e Kara Swischer, entrevista essa que é lembrada até hoje. Ontem, no palco da D8, os dois jornalistas se reuniram novamente com Jobs (sem Gates dessa vez) para conversar com ele sobre diversos assuntos pertinentes à Apple e seus negócios. Veja os destaques da entrevista.

Walt Mossberg, Kara Swisher e Steve Jobs no palco da D8.

Microsoft

Kara: “Vocês ultrapassaram a Microsoft essa semana.”

Steve: “É surreal. Mas não importa muito.”

Flash

Steve: “Nós fizemos o disquete de 3 ½” popular, e nos livramos totalmente dele no primeiro iMac. Nos livramos de portas seriais e paralelas. Vocês viram a USB primeiro nos iMacs. Fomos alguns dos primeiros a nos livrarmos de drives óticos, com o MacBook Air. E quando fazemos isso, as pessoas nos chamam de loucos.

Steve: “Algumas vezes você tem que escolher o cavalo certo pra montar. O Flash parece que teve seu tempo mas está minguando, e o HTML5 está crescendo.”

Steve: “Nós dissemos à Adobe para nos mostrar algo melhor e eles nunca o fizeram. Não foi até lançarmos o iPad que a Adobe resolveu implicar a esse respeito. Não estávamos querendo brigar, só decidimos não usar um dos produtos deles, e eles transformaram isso em um problema — por isso escrevi aquela carta. Eu disse ‘basta, estamos cansados desses caras nos criticando.’”

Steve: “Se o mercado nos disser que estamos fazendo escolhas erradas, nós vamos ouvir ao mercado. Só estamos tentando fazer ótimos produtos. Não achamos que [o Flash] é ótimo, e vamos deixá-lo de fora. Vamos agüentar as críticas porque queremos fazer o melhor produto do mundo para nossos clientes. Se formos bem sucedidos, eles vão comprá-lo. Se não formos, não vamos vender nada. E eu tenho que dizer, as pessoas parecem estar gostando do iPad! Nós vendemos uma a cada três segundos desde que o lançamos!” [risadas e aplauso na platéia]

Walt: “Três segundos inteiros para vender um iPad? Vocês não conseguem fazer melhor que isso?” [risos]

O protótipo

Steve: “Essa história é fantástica: tem roubo, receptação de propriedade roubada, tem extorsão… Eu tenho certeza que tem sexo também. (risadas da plateia) A coisa toda é bastante colorida. A promotoria está investigando, eu não sei como vai acabar”.

Suicídios na Foxconn

Steve: “A Foxconn não é uma sweatshop [um local onde trabalhadores são empregados a salários baixíssimos por longas horas sob condições sub-humanas]. Ela é uma fábrica — eles têm restaurantes e cinemas lá… mas é uma fábrica. Eles tiveram alguns suicídios e tentativas de suicídio — e eles têm 400 mil pessoas lá. A taxa é inferior à americana, mas ainda nos incomoda. Temos pessoas lá tentando entender isso. É uma situação difícil.”

Google

Steve: “[O Google] decidiu competir conosco. Nós não entramos no ramo de buscas.”

Walt: “Então você acordou em uma manhã e ouviu sobre o Android?”

Steve: “Tipo isso.”

Walt: “Então você se sente traído?”

Steve: “Minha vida sexual é muito boa.” [Nota do redator: WTF??? Ô_ô]

Kara: “Você vai remover o Google do iPhone?”

Steve: “Não.”

AT&T

Steve: “Eles estão lidando com um tráfego de dados muito maior que toda a concorrência junta. E eles têm seus problemas.”

Walt: “Haveria vantagens em ter duas operadoras nos EUA?”

Steve: “Poderia haver.”

Walt: “Em um futuro próximo?”

Steve: “Você sabe que eu não posso comentar sobre isso.”

A criação do iPhone OS

Steve: “Vou te contar. Na verdade, [o iPhone OS] começou primeiro em um tablet.”

Steve: “Eu tive essa idéia sobre ter uma tela de vidro, uma tela multi-toque sobre a qual se pudesse digitar. Eu perguntei ao nosso pessoal sobre isso e seis meses depois eles voltaram com essa maravilhosa tela. E eu a dei para um dos nossos brilhantes caras de interface de usuário. Ele então conseguiu fazer a rolagem inercial funcionar e algumas outras coisas, e eu pensei ‘meu Deus, nós podemos fazer um telefone com isso’ e nós colocamos o tablet de lado e fomos trabalhar no telefone.

Imprensa

Steve: “Bem, eu acho que a fundação de uma sociedade livre é a livre imprensa. E nós temos visto o que tem acontecido aos jornais americanos. Eu acho que eles são muito importantes. Eu não quero nos ver cair a uma nação de blogueiros. Eu acho que precisamos de editores agora mais do que nunca.”

Steve: “Eu posso falar como um dos maiores vendedores de conteúdo na internet: tenha preços agressivos e procure volume. Isso funcionou para nós. Eu estou tentando fazer a imprensa fazer o mesmo. Eles precisam fazer as coisas de forma diferente do que eles fazem com a mídia impressa.”

O mágico iPad

Steve: “As pessoas riem de mim quando digo que ele é mágico… Mas alguma coisa que se colocava entre você e o computador foi retirada.”

Kara: “Sim, o teclado.”

Steve: “Mas há algo sobre [o iPad] que é mágico! Eu acho que nós estamos apenas arranhando a superfície do tipo de apps que podem ser feitos pra ele.”

O processo de aprovação da App Store

Steve: “Nós temos algumas regras: tem que fazer o que diz fazer, não pode travar e não pode usar APIs privadas. E essas são as três principais razões pelas quais rejeitamos aplicativos. Mas nós aprovamos 95% dos apps enviados em uma semana.”

Steve: “Estamos fazendo nosso melhor, estamos consertando erros. Mas o que acontece é… Pessoas mentem. E elas correm para a imprensa e falam sobre a opressão, e elas têm seus 15 minutos de fama. Nós não corremos para a imprensa e dizemos ‘esse cara é um filho da puta mentiroso!’. Nós não fazemos isso.”

iAd

Walt: “Mas o que você vai fazer a seguir? Você está entrando no mercado de publicidade…”

Steve: “Sim.”

Walt: “Mas e quanto a seus concorrentes nessa área?”

Steve: “Bem, nós achamos que o sistema de entrega de anúncios deles é uma merda.”

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Juarez Lencioni Maccarini

Juarez Lencioni Maccarini

Ex-redator

Juarez Lencioni Maccarini é formado em engenharia de computação e trabalhou como autor no Tecnoblog entre 2009 e 2011. Durante sua passagem, produziu reviews e escreveu sobre jogos, softwares e inovação. Também colaborou com a redação do TechTudo (Editora Globo) cobrindo temas relacionados à tecnologia.

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