Talvez o futuro não esteja apenas no OLED

Panasonic desenvolve tela IPS LCD com contraste bem maior que as atuais

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 semanas

Tem gente que acha que o LCD ficou definitivamente para trás, mas talvez isso não seja verdade. As telas IPS continuam evoluindo: a Panasonic anunciou que conseguiu desenvolver um painel capaz de atingir uma taxa de contraste de 1.000.000:1, o que é 600 vezes (!) maior que os LCDs que temos atualmente. A novidade pode colocar a tecnologia em pé de igualdade com o OLED, que sempre se destacou pelo preto real.

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Antes de continuar, é bom lembrar que a taxa de contraste de 1.000.000:1 do novo painel IPS da Panasonic é estática — algumas fabricantes gostam de propagandear uma taxa de contraste dinâmica, de alguns milhões para um, que não serve para basicamente nada, assim como os watts PMPO das caixas de som (lembra?).

E como isso foi possível? Uma das características do LCD é que a iluminação dos pixels é feita por um backlight. Para exibir a cor preta, os pixels têm que bloquear a passagem dessa luz; se isso não for bem feito, o preto fica com aquele aspecto acinzentado. O OLED faz exatamente o contrário, ligando cada pixel individualmente. Se o pixel for preto, basta simplesmente não acendê-lo, e então temos um preto real.

Pois bem: a Panasonic desenvolveu células de modulação de luz que permitem controlar a intensidade do backlight pixel por pixel. Não há muitos detalhes técnicos, mas a empresa japonesa diz que elas são feitas de um material de cristal líquido com propriedades de transmissão de luz diferentes dos pixels do display. Na prática, isso diminui o vazamento de backlight e controla melhor a luz que será utilizada no pixel.

Assim:

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Em números, a tela IPS da Panasonic pode atingir um brilho máximo de 1000 nits, enquanto o preto tem intensidade de apenas 0,001 nits, o que é bem mais escuro que o exibido pelos LCDs atuais. Um painel LCD de boa qualidade, como a do iPad Pro de 9,7 polegadas, chega a 0,50 nits no preto. A LG, que costuma colocar telas impressionantes nos smartphones mais caros, alcançou 0,17 nits no G5 (e contraste de quase 1.900:1).

Segundo a Panasonic, a nova tecnologia pode ser útil para monitores voltados para produtores de vídeo, automóveis e hospitais. Diz a empresa que as telas podem ser fabricadas nas linhas de produção atuais: a própria Panasonic já consegue produzir os novos painéis em tamanhos de 10 a 100 polegadas. A expectativa é que as primeiras unidades estejam prontas em janeiro de 2017.

O bacana desse avanço do LCD é que resolve talvez o único grande ponto negativo da tecnologia: a exibição de preto. Eu sempre tive ressalvas com relação às telas OLED porque, embora elas impressionem à primeira vista, têm o problema oposto ao do LCD: não são capazes de exibir um branco tão forte. E, bom, provavelmente a maioria das coisas que você acessa no smartphone tem fundo branco, não preto.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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