Universal Music quer que contas gratuitas do Spotify sejam mais limitadas

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 1 semana
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Já faz algum tempo que a indústria fonográfica está descontente com o modelo freemium dos serviços de streaming de música. Como referência do ramo, o Spotify é o principal alvo dessa insatisfação: de acordo com o Financial Times, a companhia está sendo pressionada pela Universal Music para limitar ainda mais suas assinaturas gratuitas.

O primeiro sinal de alerta para o problema surgiu em novembro de 2014, quando a cantora Taylor Swift proibiu a disponibilização do álbum 1989 no Spotify e, logo depois, removeu todo o seu acervo do serviço.

A artista não estava satisfeita com os valores pagos pelo licenciamento de suas músicas, mas esse não parece ter sido o único motivo para a decisão: a gravadora de Swift teria tentado disponibilizar o álbum 1989 apenas para usuários pagantes, mas recebido um “não” do Spotify.

Mas, se as contas gratuitas são sustentadas por anúncios publicitários, o que explica a birra de gravadoras ou mesmo de artistas com o modelo? O problema está na discrepância de receita em relação à modalidade paga, segundo o Financial Times.

O jornal explica que, em 2014, as contas gratuitas do Spotify geraram receita de US$ 295 milhões para as gravadoras; as assinaturas pagas, US$ 800 milhões. São números expressivos, mas a indústria fonográfica quer mais usuários pagantes: no mesmo ano, eles representaram 15 milhões do universo de 60 milhões de contas registradas no serviço.

Se as assinaturas gratuitas são maioria, mas geram bem menos receita, elas devem ser mais limitadas para atrair usuários para a modalidade paga. Esse é o entendimento das gravadoras e a base da pressão que a Universal está exercendo sobre o Spotify.

Como se não bastasse, as gravadoras acreditam até que as assinaturas gratuitas estão afetando as vendas de faixas em serviços como iTunes, veja só.

Em sua defesa, o Spotify argumenta que, sem assinaturas gratuitas, fica difícil atrair usuários para o modelo pago. Mark Mulligan, analista da MIDiA Research, concorda: “ninguém está convertendo tantos usuários gratuitos em pagantes como o Spotify”.

O Spotify também rejeita a tese de que seu serviço gratuito estaria “canibalizando” as vendas de músicas digitais: “apenas 12% dos ex-usuários do iTunes estão no Spotify e mais de 40% deles são pagantes”, afirma Jonathan Forster, gerente de vendas da empresa na Europa.

A Universal tem utilizado as atuais negociações de licenciamento para tentar fazer o Spotify mudar de postura. Não está claro quais limitações a gravadora quer impor às contas gratuitas, mas é de se presumir que a restrição da quantidade de músicas disponíveis livremente seja uma delas.

Na outra ponta, os executivos do Spotify seguem tentando convencer a gravadora a apoiar o modelo atual explicando que, se as contas gratuitas forem mais limitadas, haverá menos conversão para assinaturas pagas e, provavelmente, os usuários irão recorrer a serviços piratas ou sites gratuitos, como o YouTube.

Um tanto óbvio, não?

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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