Anúncios escondidos em aplicativos são mais comuns do que você pensa

Apps que conseguem rodar anúncios em segundo plano gastam sua franquia de dados e bateria

Jean Prado
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• Atualizado há 2 semanas

Um estudo divulgado nesta quinta-feira (23) pela Forensiq, uma empresa especializada em detectar fraudes em aplicativos móveis, levantou informações preocupantes sobre o mercado de propagandas. O relatório apurou que em torno de 5 mil apps na App Store ou Google Play rodam indevidamente em segundo plano apenas para executar anúncios, gastando dados e falsificando impressões.

A fraude foi descoberta pela empresa ao receber uma série de denúncias, que foram posteriormente investigadas. Ao instalar certos aplicativos pelas lojas oficiais em uma máquina virtual, a Forensiq averigou que muitos deles são executados automaticamente quando o sistema inicia.

Assim, os apps passam a exibir anúncios em segundo plano. Em uma hora, esses aplicativos maliciosos mostraram cerca de 700 anúncios de empresas como Microsoft, Unilever, Amazon, Coca-Cola e Mercedes-Benz. Os dados consumidos chegam a exorbitantes 2 GB por dia (!), acabando com a franquia de dados e esgotando a bateria dos smartphones em uma velocidade muito maior. A Forensiq explica a metodologia no vídeo abaixo (em inglês).

O estudo foi feito durante 10 dias, tempo suficiente para a Forensiq calcular que em torno de 12 milhões de dispositivos são afetados ao redor do mundo, colaborando com as trilhões de impressões falsas por ano relatadas às anunciantes. Elas perdem uma quantia astronômica de US$ 895 milhões a cada ano por conta da fraude, valor correspondente a 13% do que gastam com esses anúncios. Ainda este ano, a Forensiq calcula que esse número pode passar de US$ 1 bilhão.

Até agora você deve ter pensado “mas espera, esse tipo de prática não é proibido?”. Sim, você não está enganado. O problema é que a maioria, ao servir como utilitários ou jogos, acaba passando despercebida pelos sistemas de verificação tanto do Google Play quanto da Apple Store. A imagem abaixo mostra que 13% dos aplicativos avaliados têm risco de praticar fraude:

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Então como identificar um aplicativo malicioso? A Forensiq explica que geralmente eles solicitam permissões estranhas, como executar na inicialização, determinar a localização em segundo plano e deletar ou modificar arquivos no cartão SD. Normalmente, como esses apps precisam ficar rodando em segundo plano a todo momento, eles também tendem a ficar mais lentos ao longo do tempo.

Quanto às lojas de aplicativos, a melhor forma de identificar a fraude, segundo David Sendroff, fundador da Forensiq, é monitorar constantemente o uso de dados desses apps. A prática não é tão simples de ser implementada e pode não estar ao alcance da Apple e do Google, diz Sendroff. As duas empresas foram contatadas pelo Bloomberg Business para dar um parecer sobre o assunto; o Google não respondeu e a Apple se recusou a comentar.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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