Política dos 20% de tempo livre no Google continua firme e forte

Sabia que o Google Now surgiu como um projeto individual?

Thássius Veloso
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• Atualizado há 1 semana

O Google disse de uma vez por todas que o programa de 20% do tempo para uso particular dos funcionários continua firme e forte. Bem ao contrário do que vinha sendo informado em alguns veículos de mídia dos Estados Unidos. Parece que, ao menos por enquanto, o fator cool de trabalhar na empresa – e fazer o que bem quiser – continua mantido! E tem mais: o Google Now foi a mais recente novidade advinda do programa.

O Now sempre quer que eu volte pra casa
O Now sempre quer que eu volte pra casa

Geralmente, nestes eventos corporativos relacionados com tecnologia, o que gente mais vê são engenheiros muito bem treinados por profissionais de relações públicas dizendo que determinado produto ou serviço foi concebido depois de um longo período de pesquisa e testes. Bem ao contrário de coisas como o Gmail que você usa até hoje. Ele foi iniciado meio que por acaso, no tal programa que permite aos funcionários do Google um dia da semana (20% do tempo, pra quem não sabe fazer conta) em projetos particulares.

Na semana passada, pintou uma história de que já não era mais como antigamente, que os bons tempos tinham passado. Basicamente, o relato de uma revista americana era que o Google tinha aderido à burocracia que faz muitas companhias sofrerem da falta de inovação. Em tese, o buscador estaria criando uma série de barreiras para evitar que os empregados aderissem ao movimento. Uma das supostas medidas – não confirmadas – era a necessidade de aprovação de um supervisor ou gerente para cada projeto individual.

Na prática, era como se houvesse tantas dificuldades que o cara desistisse dos projetos. Além disso, parece que o Google exigia dos funcionários que eles próprios fizessem a manutenção dos projetos, uma vez que aprovados, sem contar exatamente com o apoio institucional.

Diversos engenheiros do Google tomaram a internet (onde mais?) para protestar. “Eu não tenho que pedir permissão para utilizar 20% do tempo” – essa foi a mensagem de um usuário anônimo do Hacker News que se diz funcionário do buscador. Também teve gente na mesma thread relacionando a situação atual do Google com a da HP alguns anos atrás. Existe mesmo o risco de que o fim dos 20% acabe com a inovação da companhia? Essa é a pergunta de alguns bilhões de dólares – para o Google.

O Google encerrou a discussão ao dizer que o programa continua “vivo e muito bem”. Sabe qual foi o produto mais recente surgido nos insights do dia livre para projetos individuais? O Google Now, assistente pessoal que incorpora muito do conceito de tecnologia responsiva (uso o termo aqui referindo-me não somente ao design que se adapta a cada uma das telas que frequentam a vida digital). De acordo com Andrew Kirmse, que esteve envolvido no projeto desde o início, o Now começou “quando alguns de nós no time de Mapas pensamos que existem informações realmente úteis que poderíamos mostrar em nossos celulares, baseando-nos onde estamos, e então começamos a trabalhar nisso durante nosso tempo livre, como um projeto de 20% […]. Conforme nos envolvíamos no projeto, mais interessante ele se tornou, e todo mundo viu o potencial nele”.

Parece que, por ora, o assunto foi encerrado com esse comentário vitorioso de um funcionário do Google. Ainda assim, eu me peguei pensando: e se os 20% livres realmente fossem encerrados? Bom, vale lembrar que o Google iniciou alguns projetos bem legais nos últimos tempos que são bancados pela empresa, sem depender do tempo livre dos empregados, e que prometem no futuro. É o caso do Projeto Loon, aquele meio louco que pretende instalar uma rede de balões nos céus do mundo para disseminar internet (veja no vídeo abaixo). O Bill Gates criticou a aplicação da ideia em países pobres.

E tem mais: o misterioso Google X, de onde saiu o Loon, também foi responsável pela concepção inicial do Google Glass. Outra unidade institucionalizada na qual os funcionários são pagos para inventar coisas loucas, divertidas, pouco práticas, funcionais… vai saber o que vem por aí. Para mim, parte disso tem a ver com a educação de tanto Sergey Brin como Larry Page (atual CEO) baseada no método Montessori. Ele estabelece uma série de maneiras de aproveitar as diversas inteligências humanas de formas que normalmente não são óbvias logo de início, como na educação tradicional.

Pronto, pode manter seu sonho de algum dia trabalhar na segunda maior empresa de internet dos Estados Unidos (logo atrás do Yahoo).

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Thássius Veloso

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Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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