Esse foi o primeiro ano que a Apple passou sem o seu criador original. Desde a morte de Steve Jobs, em outubro do ano passado, muita coisa mudou na companhia da maçã. Muita coisa também continuou como estava. A vontade de descobrir os limites da tecnologia ainda existe e vemos isso nos produtos lançados esse ano. Mas nem tudo são flores e também vimos pontos baixos ao longo do ano. Eis aqui cinco pontos marcantes da Apple em 2012.

Novo iPad

No começo do ano, mais precisamente em março, a Apple apresentou o que todos já esperávamos: um iPad com hardware melhor. Chamado de “Novo iPad”, o tablet chegou ao mercado com uma tela de alta densidade de pixels (2048×1768; nome comercial Retina Display), câmera traseira de 5 megapixels e processador Apple A5X. Nenhuma mudança em termos de design.

O iPad de terceira e quarta gerações também se renovou em conectividade: ele foi o primeiro tablet da Apple a contar com suporte a redes 4G LTE — em alguns países. Pode ser algo que já esperávamos, portanto sem grande surpresa aqui, mas não deixou de ser uma evolução significativa de um produto que conquistou fatia importante do mercado de tablets. Números de consultoria recentes mostram que um em cada quatro americanos possui um tablet. A Apple abocanha a maioria desse segmento.

iOS 6 e o divórcio do Google

O primeiro beta iOS 6 (leia o review) trouxe uma novidade inesperada: mapas próprios. Criados pela empresa da maçã em parceria com várias companhias especializadas, seu principal diferencial foi bem destacado por vários usuários do sistema: ele era pior que o Google Maps. Falta de dados e imagens erradas marcaram não só durante o período de testes quanto o seu lançamento, alguns meses depois. E até hoje ele ainda é motivo de piada. Tim Cook teve de pessoalmente pedir desculpas pela encrenca.

Além de aposentar o Google Maps, a Apple também excluiu o aplicativo do YouTube, evidenciando a separação. Felizmente o Google foi preenchendo os buracos deixados ao longo dos meses, com o lançamento do aplicativo do YouTube e do Google Maps pouco depois. Mas não foi rápido o suficiente para impedir que a reputação da Apple fosse abalada.

Briga de patentes

2012 não foi o ano em que a Apple começou a brigar na justiça pelas suas patentes, mas foi o ano em que ela conseguiu uma vitória significativa. A principal batalha, contra a sul-coreana Samsung, atingiu um ápice em agosto quando um júri decidiu que concorrente asiática deveria pagar US$ 1,05 bilhão de dólares (felizmente, não em moedas!) por infrações de propriedade intelectual em aparelhos da linha Galaxy e outros rodando Android, concorrente do iOS.

A briga ainda não terminou – a Apple não viu sequer um centavo da multa. O caso contra a Samsung ainda se arrasta nos tribunais americanos, bem como as dezenas de outros casos que a Apple abriu contra a própria Samsung e outras empresas no resto do mundo. É provável que alguns deles terminem em 2013, mas não é em todos os países que a Apple tem a vantagem, então não sabemos qual o provável resultado final.

iPhone 5 e iPad Mini

Foi em setembro desse ano que a Apple decidiu atualizar seu celular mais famoso. O iPhone 5 surgiu no mercado, depois de meses de especulação, e chegou com uma tela maior além do suporte a redes 4G LTE (também em alguns mercados). Se você quer ler um review realista desse iPhone, saiba que eu escrevi tal texto.

Atualizou novamente, num mesmo ano, a geração do iPad e apresentou o muito aguardado iPad Mini com 7,9 polegadas de tela. O pequeno tablet, que não chegou com tela retina, tem potencial para comer uma boa fatia do bolo dos tablets Android de menor tamanho. Felizmente foi nessa época que a empresa da maçã percebeu que um nome de produto não pode ter “novo” e renomeou seu mais recente modelo de tablet para “iPad com tela retina”.

O ápice e a queda das ações

Pouco antes do lançamento do iPhone, em agosto, a Apple alcançou um patamar histórico, atingindo valor de mercado na casa dos 620 bilhões de dólares e ultrapassando a Microsoft. O lançamento do iPhone esticou ainda mais essa margem: o novo celular fez as ações da Apple ultrapassarem 700 dólares por ação — máximo que uma empresa já alcançou na bolsa de valores.

Mas tudo o que sobe tem que descer. No começo de dezembro as ações da Apple atingiram o menor valor dos últimos seis meses: 515 dólares por ação. Isso não quer dizer necessariamente que a empresa da maçã está em decadência, nem que ela deixará de lucrar horrores no ano fiscal. A saída de executivos importantes, os problemas de patentes, o desastre com os mapas do iOS 6 deixaram marcas no escudo da Apple. E as ações caindo são um reflexo de que essas marcas são bastante visíveis.

O que esperar em 2013?

A Apple não fica inerte. Ela tenta sempre empurrar a tecnologia até o seu limite, como eu disse no início do texto. Para tanto, adota padrões que poucos na indústria adotam, criando dispositivos que quebram paradigmas e inovando sempre que encontra um espaço onde inovar — nem que seja para melhorar algo que já existe e vender como resolucionário ou renanovado. Minha aposta é que, mesmo com todos os problemas de mapas, ações, executivos e patentes, em 2013 a Apple vai continuar fazendo isso. E surpreendendo o mundo no caminho. Sem Steve Jobs, veja só.

Retrospectiva 2012 no Tecnoblog: Apple | Banda larga e telefonia | Google | Jogos – Parte 1 e Parte 2 | Linux e software livre | Microsoft

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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