Voltando no tempo com os games

Izzy Nobre
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• Atualizado há 1 semana

Durante minha infância, minhas duas franquias cinematográficas favoritas eram De Volta para o Futuro e Exterminador do Futuro. Descobri ambos os filmes mais ou menos ao mesmo tempo, ali no comecinho dos anos 90, e desde então a ideia de viagem no tempo muito me fascina.

É um dos meus temas favoritos de ficção científica, empatadinho com a idéia de realidades alternativas. A propósito, todos os meus filmes favoritos envolvem um ou outro conceito (ou os dois, às vezes).

Viagem no tempo é um tema que, naturalmente, acaba aparecendo bastante nos games também. O melhor game de todos os tempos, aliás (de acordo com inúmeros rankings, e é difícil discordar dessa opinião), é justamente sobre uma certa flautinha mágica que funciona como máquina do tempo. Existem diversos jogos cuja premissa orbita ao redor da ideia de viagens temporais. Aqui estão os meus favoritos.

Command & Conquer Red Alert

Red Alert é o spin-off da série Command & Conquer, creditado por muitos por elevar o gênero RTS à popularidade. Ok, Warcraft 2 divide parte dos louros, mas sou mais fã da icônica série da finada Westwood, então puxo a sardinha pro C&C. Como você pode me culpar? Foi Command & Conquer que me apaixonou por jogos de estratégia.

O que alguns talvez não lembrem é que a história de Red Alert começava com uma viagem no tempo. No universo do game, o Einstein de 1946 viajava para a Alemanha em 1924, a fim de encontrar com Hitler e eliminar o líder nazista antes que ele chegasse ao poder. Entretanto, a ausência de Hitler permite que Stalin se tornasse mais beligerante, virando assim o novo bicho-papão da Europa. E cabe às nações aliadas impedirem o avanço bélico do soviético.

Eis a cena de abertura que explica a história – embalada ao som de uma das melhores trilhas sonoras de games de todos os tempos. Ao curiosos, a trilha se chama “Hell March”.

A máquina do tempo que desencadeou a trama de Red Alert se torna eventualmente acessível ao jogador, embora com funcionalidade de teletransporte.

Timeloop

Timeloop é um jogo relativamente velho para iOS, lançado em 2009. Apesar de levemente datado, o game é brilhante na forma em que implementa as viagens no tempo como elemento de gameplay.

A premissa é a seguinte: você é o robozinho Nix, o ajudante em um laboratório de cientistas malucos. Acontece que os tais cientistas se trancaram numa sala absolutamente lacrada e morrerão asfixiados se você não os libertar. Basta ir lá e soltar os pobres coitados, né?

Não é assim tão simples. Há dois problemas: o primeiro é que chegar à sala onde os cientistas se encontram requer mais tempo do que permitido pela pouca reserva de oxigênio na sala. E o segundo é que os puzzles necessários para abrir portas requerem ajuda de duas ou mais pessoas. Por exemplo, algumas portas só abrem se duas pessoas estiverem apertando botões simultaneamente – e só permanecem abertas enquanto os botões estiverem sendo pressionados.

E ambos os problemas são solucionados com viagens no tempo feitas por Nix. Ao regressar continuamente, o robô acaba se multiplicando diversas vezes, e cabe a você executar parte de cada puzzle e então retornar ao passado pra desempenhar a próxima função (enquanto você vê a si mesmo, no passado, correndo de um lado pro outro).

Essa coordenação com diversas versões de você mesmo no passado é uma forma extremamente imaginativa de lidar com viagem do tempo como um instrumento num game.

O game TimeSplitters: Future Perfect, para PlayStation 2, tinha um elemento similar de cooperação com seu “eu” do passado. Entretanto, naquele jogo isso era apenas um detalhe; em Timeloop esta é a base do gameplay.

Time Commando

Eis aí um jogo que merecia um remake. Como foi o caso com Timeloop, novamente TimeSplitters: Future Perfect brinca um pouco com o elemento que tornou este jogo icônico, mas não é a mesma coisa. Em Time Commando você é Stanley Opar (um nome bem esquisitinho, diga-se de passagem), um agente especial que tenta eliminar um vírus de computador que causou um vórtice temporal que ameaça destruir toda a humanidade.

Olha, eu serei o primeiro a admitir que a história é ridícula. O mote do game era o fato de que o protagonista viajava por diversos eras históricas, lutando contra os nativos daquelas épocas usando armas características de cada período. Ou seja, contra os homens das cavernas na Idade da Pedra você tem lanças e tacapes, enquanto no Velho Oeste tem velhos revólveres, e por aí vai.

Além das variadas armas, o Time Commando do título também era capaz de luta desarmada – o que era bacana na época porque não existiam muitos jogos com combate híbridos; ou era briga à mão, ou com armas, mas raramente ambos ao mesmo tempo.

O jogo envelheceu muito mal, mas aí está o trailer:

É por isso que eu digo que o game merecia de um remake. E não fosse a falência da produtora em 2004, provavelmente já teríamos um.

Day of the Tentacle

Day of the Tentacle, ou DOTT.EXE como muitos da nossa geração conheciam o jogo, era um mega-clássico da época em que a Lucasarts fazia mais do que apenas lançar games baseados em Star Wars. Nele você segue Bernard Bernoulli, um nerd completamente estereotipado, e seus amigos Hoagie e Laverne. O objetivo é impedir o Tentáculo Roxo (olha a capa ali em cima), a criação do cientista maluco Fred Edison, de dominar o mundo.

E para isso, os três amigos usarão máquinas do tempo (construídas a partir de banheiros químicos desses que você vê em shows) para retornar ao passado e impedir que o Tentáculo Roxo adquira seus poderes.

Acontece que os três amigos acabam separados na linha temporal. Hoagie vai para o passado, Bernard fica no presente, e Laverne vai pro futuro. E os puzzles envolvem a interação de objetos através das diferentes cronologias. Por exemplo, um dos personagens precisa enviar um hamster para um que está no futuro. A solução? Coloca-lo num freezer no presente, e deixar que a garota que viajou ao futuro o recupere de sua animação suspensa.

O charme do jogo estava justamente no senso de humor absurdo e na direção artística cartunesca. A adição de viagem no tempo, pra alguém que é fã do tema como eu, era a cereja no topo do bolo.

Veja aqui um maluco zerando o jogo em 21 minutos:


(Vídeo do YouTube)

Aliás, permitam-me uma confissão nerd vergonhosa: nunca zerei Day of the Tentacle. The Dig e Full Throttle, outros dois clássicos absurdos da Lucasarts, eu devo ter fechado dez vezes cada um. Mas Day of the Tentacle, por algum motivo, nunca completei. Vou consertar esta falha essa semana.

E você, tem um jogo favorito de viagem no tempo?

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Izzy Nobre

Izzy Nobre

Ex-autor

Israel Nobre trabalhou no Tecnoblog entre 2009 e 2013, na cobertura de jogos, gadgets e demais temas com o time de autores. Tem passagens por outros veículos, mas é conhecido pelo seu canal "Izzy Nobre" no YouTube, criado em 2006 e no qual aborda diversos temas, dentre eles tecnologia, até hoje.

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