Memória flash do futuro usa nanotubos de carbono e gasta 100 vezes menos energia

Rafael Silva
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• Atualizado há 4 dias

Eis uma demonstração prática do passo absurdamente rápido em que anda a tecnologia: em janeiro publiquei um texto sobre uma possível substituta para a memória RAM, criada por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA. Agora, pouco mais de um mês depois, outros pesquisadores criaram uma possível substituta para a memória flash, usada em pendrives e celulares, que parece ser ainda mais eficiente e gastar ainda menos energia do que as atuais. Cem vezes menos energia, para ser exato.

Atualmente a memória flash armazena dados na forma de cargas elétricas, mas por ser não-volátil ela não precisa de uma corrente constante de eletricidade e é por isso que dados de um pendrive não se perdem depois que ele é desconectado da porta USB. Uma das desvantagens dela é o número limitado de capacidades de escrita e por isso pesquisadores trabalham há algum tempo em tecnologias para substituí-la com mais eficiência. Em 2004 uma possível substituta foi criada, a phase-change memory.

No lugar de armazenar dados na forma de cargas elétricas, a PCM armazena dados usando as propriedades químicas únicas de um elemento chamado vidro calcogênio, que você já pode ter visto de perto se tiver usado um CD regravável. Ele tem dois estados, cristalino ou sólido amórfico, sendo que cada um deles representa um bit 0 ou 1. Os dados são gravados quando corrente elétrica é aplicada no material, o que gera calor e muda o seu estado. E foi nela que pesquisadores da Universidade de Illinois se basearam para criar a sua.

Nanotubos de carbono | Crédito: Dr. Eric Pop

Eles criaram uma memória com nanotubos de carbono, que é a menor forma de condutor já criada pelo homem, com um bit feito de PCM no meio dele. A corrente passa pelo nanotubo e muda o estado da memória, guardando um bit. Para evitar a deterioração presente nas memórias flash atuais e ainda prolongar o número de reescritas, eles cobriram tudo com uma camada de dióxido de silício. Não é só essa a vantagem: por ter componentes de PCM, os dados também estão protegidos contra imãs. Os pesquisadores criaram uma representação gráfica em 3D de como essa nova memória é feita, que você pode ver abaixo.

Representação gráfica de um pedaço da memória | Crédito: Dr. Eric Pop.

O resultado desse desenvolvimento vai ser visto no futuro, quando ela for implementada em celulares e gadgets que ainda usam memória flash atualmente. Como essa nova memória usa 100 vezes menos energia que a atual, a vida de bateria dos nossos gadgets poderão aumentar drasticamente.

Eu espero ainda estar vivo para poder usar um iPhone (ou smartphone Android) que tenha uma bateria que dura uma semana antes de pedir arrego ou um notebook que pode funcionar por um mês antes de precisar ser ligado na tomada. É pra esse lado que o futuro aponta. E eu mal posso esperar para ele chegar.

Com informações: Discovery News.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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