Um extensa reportagem publicada pelo Wall Street Journal revela que a Apple está trabalhando em uma nova versão de sua Apple TV, dessa vez customizada para atender as demandas atuais do público espectador. Aliás, não uma “Apple TV” nos moldes da set-top box que chegou ao Brasil na semana passada. De acordo com o WSJ, estamos realmente falando de um aparelho televisor com a maça mordida em sua traseira.

Até mesmo por ser um jornal econômico, o WSJ não traz detalhes técnicos sobre o dispositivo que a Apple estaria desenvolvendo (nada confirmado). Poderia tanto ser um novo aparelho, ainda com jeito de set-top box, que poderia ser controlado por meio dos iDispositivos já disponibilizados pela Apple. Não é difícil de fazer tal operação, visto que hoje em dia o iPhone, iPod Touch e iPad já conversam com o iTunes instalado em computadores rodando Windows ou OS X. Basta ter uma rede Wi-Fi na qual ambos estejam conectados para a coisa funcionar muito bem.

Com a tecnologia, usuários poderiam assistir conteúdo da iTunes Store e de provedores de conteúdo terceirizados, com direito a troca de um dispositivo por outro sem interromper a transmissão. Pelo que o Journal dá a entender, seria uma Netflix rodando em todos os dispositivos da Apple e com acesso a conteúdos fechados para operadoras de televisão por assinatura. Nos Estados Unidos, notadamente a Warner Cable e a ComCast (que oferece “combo” com televisão paga).

Em conversa com executivos de empresas de mídia e televisão por assinatura, representantes da Apple teriam falado sobre um televisor com capacidade para receber comandos de voz e de movimentos. Para comandos de voz, a tecnologia do assistente virtual Siri no iPhone 4S cairia como uma luva, sem sombra de dúvida. Nos movimentos a situação fica mais difícil. E cabe lembrar que a Microsoft é a companhia que atualmente detém a tecnologia mais avançada – e comercialmente disponível – para controle por movimento, tanto que está presente no Kinect do Xbox 360. O mesmo console que, na semana passada, recebeu um update na Dashboard que, a partir daquele momento, liberou o acesso a uma experiência mais completa de entretenimento a partir da Xbox Live. Algo similar ao que a Apple está se propondo a fazer, no meu entender (e levando em consideração as informações preliminares e não confirmadas oficialmente disponibilizadas pelo Journal).

Atualmente, penso eu, o grande desafio de tornar a televisão mais inteligente é integrar o serviço de televisão por assinatura com as set-top boxes e demais dispositivos que carregamos conosco no dia. No Brasil está longe de ser realidade, mas em mercados mais maduros economicamente falando já existem soluções de tecnologia nas quais o usuário assina um serviço tipo “combo” com TV paga e não fica restrito a assistir ao conteúdo “ao vivo” e no televisor. Pode gravar, assistir novamente, migrar para o iPad e continuar a acompanhar determinado filme a partir do tablet. E por aí vai.

MacWorld 2008

Na MacWorld de 2008 Steve Jobs falou que Microsoft, Netflix, Vudu e a própria Apple falharam em desenhar uma televisão internet. No mesmo evento ele revelou a geração seguinte da Apple TV, chamada de Apple TV “Take 2”. Não posso afirmar que o produto foi um fracasso de vendas ou que os consumidores não gostaram dele. Mas que ainda há espaço para inovar no campo da televisão na era digital e do conteúdo sob demanda, isso há.

O que você pensa do assunto? Quais recursos ainda te faltam para voltar a assistir televisão como antigamente? A discussão é boa. Aposto que empresas como a Globo, cuja audiência vem caindo mês a mês, pagariam uma nota preta pela resposta que salve o negócio televisivo do século passado – esse que ainda hoje a gente assiste no Plim Plim e similares.

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Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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