Atualização antiexplosiva: Samsung vai limitar bateria de Note 7 defeituoso em 60%

Solução temporária será distribuída aos usuários que ainda não devolveram seus Galaxy Note 7

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 semanas
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A bateria explosiva do Galaxy Note 7 está fazendo muitas vítimas no mundo, onde mais de 2,5 milhões de unidades foram vendidas. A Samsung já convocou um recall para substituir todos os aparelhos perigosos — só que nem todo mundo está devolvendo a granada. Por isso, a fabricante vai distribuir uma atualização de software com uma solução temporária, que limita a carga da bateria em 60%.

A gambiarra foi divulgada pela Samsung na capa do Seoul Shinmun, um dos grandes jornais impressos da Coreia do Sul, conforme divulgado pela Associated Press. A previsão é que a atualização seja distribuída a partir da próxima terça-feira (20) para todos os usuários que ainda não devolveram seus aparelhos.

Na prática, é como se a bateria de 3.500 mAh do Galaxy Note 7 tivesse capacidade de apenas 2.100 mAh depois da atualização. Isso ainda é suficiente para manter o smartphone funcionando (com uma autonomia ruim), mas diminui a possibilidade de superaquecimento da bateria. A Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos já alertou os usuários para não utilizarem seus Galaxy Note 7 dentro dos aviões. No sábado (10), o aparelho pegou fogo nas mãos de uma criança de seis anos.

Embora a Samsung já tenha anunciado um recall, muita gente ainda está com a bomba em mãos. Como o processo de substituição pode demorar alguns dias, já que a Samsung precisa fabricar novos aparelhos sem problemas na bateria, nem todo mundo parece disposto a devolver o smartphone e esperar a troca. Na Coreia do Sul, por exemplo, os usuários só receberão seus novos aparelhos a partir de segunda-feira (19).

Complica ainda o fato de que não sabemos em quais condições o smartphone pega fogo — e mesmo unidades com baterias defeituosas podem não explodir nunca. O lote problemático utilizava baterias fabricadas pela própria Samsung; as versões chinesas, com baterias de outra fornecedora, não explodiram. Meu review do Galaxy Note 7 foi feito com base no modelo coreano, que é afetado pelo recall, mas não notei nada estranho, e meu pedido de adicional de periculosidade foi negado pelo Mobilon.

O Galaxy Note 7 ainda não começou a ser vendido no Brasil. O lançamento foi adiado no mundo inteiro após a convocação do recall, válido para dez países. Além dos aparelhos que já estão nas mãos dos consumidores, a Samsung também recolheu todas as unidades problemáticas do Galaxy Note 7 em estoque nas lojas e em transporte para cadeias de distribuição.

Fato é que o Galaxy Note 7 vai custar muito caro para a Samsung. Não apenas por causa da substituição das unidades defeituosas, mas também devido aos danos à imagem da empresa, que vinha melhorando desde o Galaxy S6, de uma forma que me lembra muito a virada de página da Motorola em 2013 — quem prometia nunca mais comprar aparelhos da marca devido a experiências anteriores ruins voltou a comprar.

A estimativa é que as substituições do Galaxy Note 7 custem US$ 1 bilhão aos cofres da empresa. Desde que a Samsung anunciou o recall, a empresa perdeu US$ 26 bilhões em valor de mercado. Isso é o equivalente a uma HP, quatro Nokias, seis BlackBerries ou nove Motorolas.

Atualização: em nota, a Samsung reafirmou o problema num dos lotes do Galaxy Note 7 e reforçou aos consumidores que, caso ainda estejam com o aparelho defeituoso, entrem em contato com o local de compra ou central de atendimento o mais brevemente possível para fazer a substituição. “Estamos trabalhando arduamente para acelerar o envio dos produtos, a fim de concluir esse programa de troca, minimizando qualquer possível inconveniência para nossos clientes”, diz a empresa.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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