Flor biônica: cientistas montaram circuitos eletrônicos dentro de uma rosa

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 semanas
Rosa biônica

Além da flor em si, o que mais chama atenção numa rosa? Espinhos e folhas? Provavelmente. Mas, no caso das rosas criadas nos laboratórios da Universidade de Linköping, na Suécia, o destaque fica nas partes internas da planta: pesquisadores da instituição conseguiram colocar circuitos eletrônicos ali dentro.

Sim, os cientistas criaram a primeira flor biônica do mundo. Bom, pelo menos é o que eles dizem. Se é a primeira ou não, o fato é que estamos diante de um grande feito: os circuitos eletrônicos foram implementados no caule e em folhas de rosa sem, no entanto, prejudicar o ciclo de vida da flor.

O truque está no uso de um polímero condutor chamado PEDOT no caule da rosa. Nos testes, o material não agrediu ou interferiu na circulação de líquidos e nutrientes dentro da planta, pelo contrário: o material foi absorvido pelo sistema vascular (xilema) da planta de modo a formar uma cadeia de pequenos fios que acompanha os traços anatômicos do caule.

É como se esses fios formassem um conjunto complementar de fibras no interior da planta, com a diferença de que o material pode conduzir sinais elétricos. Para comprovar, os pesquisadores conectaram sondas de ouro recobertas com PEDOT aos fios, o que levou à criação de um circuito digital simples que, olha só, funcionou como o esperado.

Rosa biônica

Não parou por aí: na segunda etapa de experimentos, os pesquisadores colocaram folhas da rosa em uma solução contendo uma variação do PEDOT e nanofibras de celulose. Com o auxílio de um aspirador especial, eles extraíram o ar existente no tecido da planta, fazendo a solução preencher imediatamente os espaços que ficaram vazios.

O resultado foi uma espécie de capa que formou “pixels” sobre a planta: com a aplicação de uma tensão ali, as interações iônicas fizeram a folha mudar ligeiramente de cor, assumindo uma tonalidade verde azulada. No início, os cientistas usaram folhas arrancadas da rosa para o teste, mas depois repetiram o procedimento utilizando folhas que permaneceram ligadas à planta — novamente, sem afetar o seu ciclo de vida.

Isso significa que logo poderemos ter flores que mudam de cor para se adaptar aos tons do ambiente ou que, pegando carona no conceito de internet das coisas, se conectam a objetos da casa, certo? Seria um exagero fazer isso com plantas, mas essa é sim uma possibilidade.

Só que o professor Magnus Berggren, líder do projeto, vê finalidades mais úteis: para o pesquisador, a técnica pode ser usada para medir, com grande precisão, o fluxo de moléculas dentro da planta, o que ajudaria a aperfeiçoar estudos farmacológicos, por exemplo. Além disso, a pesquisa pode facilitar a criação de um sistema que converte vegetais em células de combustível vivas: a equipe de Berggren já estuda formas de transformar os açúcares de determinadas plantas em energia “verde”.

Com informações: ExtremeTech, Nature

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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