Project Wing: como anda o serviço de entrega por drones do Google?

David Vos, diretor do Project Wing, afirma que o projeto deve chegar ao mercado até 2017

Jean Prado
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• Atualizado há 1 semana
Drones do Project Wing alinhados em Queensland, na Austrália.

A Alphabet, que agora coordena os projetos futurísticos do Google, detalhou nesta terça-feira (3) os planos para o Project Wing nos EUA. Como o nome sugere, o Wing é um programa de desenvolvimento de drones de entrega, semelhante ao Amazon Prime Air, que deve chegar ao mercado só em 2017.

O primeiro teste do Project Wing foi realizado em Queensland, na Austrália, país onde não há normas rigorosas que impedem o funcionamento dos drones. A aeronave de tamanho considerável carregou itens como petiscos para cães, doces e até um kit de primeiros socorros, item cuja demora na entrega é significativa para salvar a vida de uma pessoa.

Nos Estados Unidos, o Departamento de Transportes e a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) criaram uma força-tarefa para fiscalizar o registro de drones, útil para identificar o dono da aeronave caso haja infração. Como a FAA estima que um milhão de drones serão vendidos nesse feriado de fim de ano, é bom que haja um controle para evitar imprevistos.

O próprio David Vos, diretor do Project Wing, também faz parte dessa força-tarefa do governo americano e afirmou à agência de notícias Reuters que um sistema para identificar os operadores dessas aeronaves e que mantenha elas longe de outras aeronaves deve ser estabelecido em cerca de 12 meses.

Para agradar os dois lados, Vos confessou à Reuters que está em uma campanha, negociando com a FAA e com a comunidade de transportes aéreos, tanto de drones quanto de aeronaves maiores, para agilizar a regularização. Considerando que já estamos quase em 2016, o prazo para colocar esse serviço de entregas por drones no mercado não é tão longo assim.

De qualquer forma, a FAA ainda não tem uma regulamentação própria para entregas realizadas por veículos não tripulados. A Amazon quase teve de testar o Prime Air em outros países até a agência americana aprovar o desenvolvimento de pesquisas com esse tipo de serviço — desde que a Amazon forneça um relatório mensal à FAA.

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DJI Phantom 3, um dos melhores drones do mercado.

Como aponta o Mashable, ainda há um longo caminho para frente na regulamentação dos drones. Para prevenir que um drone se choque com uma aeronave, por exemplo, a NASA e a operadora de telefonia americana Verizon estão trabalhando juntas para criar um sistema de cerca virtual.

Esse sistema, chamado de geofencing, utilizaria as redes de celular para rastrear os drones e restringir o voo perto de outras aeronaves ou até em zonas de interdição do espaço aéreo, como em aeroportos. É uma tática interessante para evitar que outro drone voe sobre a Casa Branca, por exemplo, mas precisaria que os drones estivessem conectados à internet ― caso contrário, eles não seriam enxergados pelo sistema. Vos já confirmou que uma tática parecida é viável, que controlaria drones que voam abaixo de 152 metros de altitude.

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Também há a possibilidade de estabelecer uma classe de espaço aéreo para os drones, como é feita atualmente para a maioria das aeronaves. Nos Estados Unidos, a Classe B tem cerca de 3 km de altitude e é usada para aeroportos de tráfego intenso. Vos tem a intenção de deixar a Classe G, de até 370 metros de altitude, para os drones, afirmando que aeronaves e helicópteros maiores ficariam seguros, além de permitir que os drones voassem sobre áreas de densa população.

Com todos esses aspectos a se considerar, definitivamente 2017 é um prazo um tanto quanto apertado. No entanto, com a ajuda da NASA e das agências reguladoras americanas, fora interesses da Amazon e do Walmart nesse negócio, a Alphabet não estará sozinha nessa missão para entregas à distância usando drones.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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