Grooveshark

Foram quase dez anos de atividade, muitos deles resistindo bravamente aos ataques de gravadoras e distribuidoras. Mas a indústria fonográfica finalmente venceu a batalha: o Grooveshark, um dos serviços mais populares de compartilhamento e streaming de música, fechou suas portas para nunca mais abri-las.

A decisão faz parte de um acordo de “rendição” firmado com gravadoras, entre as quais, Universal Music, Sony Music e Warner Music. A luta entre ambos os lados começou há seis anos, quando as gravadoras acionaram judicialmente a Escape Media, empresa responsável pelo Grooveshark, sob a acusação de distribuição ilegal de material protegido por direitos autorais.

De lá para cá, o serviço veio desviando, tanto quanto pôde, das investidas das gravadoras. Ao mesmo tempo, a base de usuários cresceu: os números recentes indicavam 35 milhões de ouvintes. Só para você ter ideia do que isso representa, o Spotify, o serviço de streaming de áudio mais popular do mercado, tem atualmente cerca de 60 milhões de usuários.

Os números impressionantes atraíram investidores, anunciantes, artistas e até alguns contratos com gravadoras. No entanto, o Grooveshark seguiu disponibilizando músicas de uma forma que a indústria fonográfica não aprova, ou seja, sem licenciamento.

Não houve trégua nos tribunais, consequentemente. A pancada mais forte veio em setembro do ano passado, quando o juiz Thomas P. Griesa considerou Samuel Tarantino e Joshua Greenberg, ambos fundadores do Grooveshark, responsáveis pela infração de direitos autorais de nove gravadoras.

O golpe final veio agora. Na quarta-feira, o mesmo magistrado declarou que o Grooveshark distribuiu, intencionalmente e com má fé, 4.907 músicas não licenciadas. Como consequência, a Escape Media foi condenada a pagar US$ 736 milhões de indenização – US$ 100 mil por faixa.

É muito dinheiro. Tanto que a empresa se viu obrigada a aceitar os termos do acordo, que incluem encerrar o serviço, fechar contas em redes sociais, pedir desculpas publicamente e, ainda por cima, recomendar alternativas online que oferecem streaming de música de maneira legal. Em troca, a Escape Media não precisa pagar os US$ 736 milhões.

O juiz Thomas Griesa (Imagem: Reuters)
O juiz Thomas Griesa (Imagem: Reuters)

É o que foi feito. Desde ontem (30/04), o site do Grooveshark exibe apenas o pedido de desculpas, que começa assim (em tradução livre):

Hoje estamos fechando o Grooveshark.

Nós começamos há quase dez anos com o objetivo de ajudar fãs a compartilhar e descobrir música. Mas, apesar das nossas melhores intenções, cometemos erros muito sérios. Falhamos em obter licenças dos detentores dos direitos da grande maioria das músicas oferecidas no serviço.

Isso não é correto. Pedimos desculpas. Sem reservas.

A recomendação de serviços de streaming legais também está na nota:

Hoje há centenas de serviços amigáveis e acessíveis para você escolher, incluindo Spotify, Deezer, Google Play, Beats Music, Rhapsody, Rdio, entre muitos outros.

Se você ama música e respeita artistas, compositores e todos que possibilitam grandes produções, use um serviço licenciado que compense artistas e outros detentores de direitos.

A RIAA, a associação que reúne as principais gravadoras dos Estados Unidos, comemorou o fim do Grooveshark:

Esta é uma vitória importante para artistas e toda a indústria da música. Por muito tempo, o Grooveshark construiu seu negócio sem compensar devidamente artistas, compositores e afins. O acordo põe fim em uma importante fonte de atividade ilegal.

O fim do Grooveshark é apenas mais um capítulo da história da música digital. A gente pode esperar mais embates por aí. O próximo alvo pode ser, ironicamente, os serviços legais: como já relatamos aqui, as gravadoras estão cada vez mais determinadas em limitar – ainda mais – os planos gratuitos oferecidos por empresas como Spotify.

Com informações: TorrentFreak

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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