Crânio feito em impressora 3D é implantado com sucesso em mulher com doença nos ossos

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 semanas

Ainda estamos longe do dia em que poderemos contar com órgãos humanos artificiais ou criados em laboratório, mas é sempre bom ver tecnologias recentes já ajudando pessoas a lidarem com enfermidades ou mesmo salvando vidas. É o caso de uma mulher de 22 anos na Holanda que, três meses depois de ter recebido um implante de um crânio feito em impressora 3D, tem um cotidiano normal.

O crânio feito em impressora 3D
O crânio feito em impressora 3D

A moça sofre da doença de Camurati-Engelmann (ou Displasia Diafisária Progressiva), uma enfermidade rara que afeta principalmente ossos longos e da cabeça. A doença fez com que o seu crânio se tornasse progressivamente mais grosso, ao ponto de sua espessura chegar a 5 centímetros quando o normal é algo em torno de 1,5 centímetro.

Trata-se uma condição seríssima: o aumento da espessura pode comprometer nervos, vasos sanguíneos e o próprio cérebro. No caso da jovem, ela já estava enfrentando problemas de visão, além de fortes dores de cabeça. Era questão de tempo para outras funções cerebrais serem afetadas, segundo o doutor Bon Verweij, líder da equipe médica do hospital da Universidade de Utrechte que realizou o procedimento.

Em março de 2013, nos Estados Unidos, veio a público o caso de um homem que teve cerca de 75% do seu crânio substituído por um implante também feito em impressora 3D. O material foi impresso em polietercetonacetona (PEKK) – um polímero orgânico – pela empresa Oxford Performance Materials.

No caso da mulher holandesa, a impressão foi executada por uma empresa australiana. Não está claro se o implante também é baseado em PEKK porque, ao contrário do procedimento realizado nos Estados Unidos, o crânio feito para a mulher é formado por um plástico transparente.

O crânio da mulher (à esquerda) e o crânio do caso relatado em agosto passado
O crânio da mulher (à esquerda) e a prótese do caso relatado em agosto passado

Seja lá como for, os custos associados aos dois casos foram significativamente menores quando comparados aos gastos que gerariam com próteses tradicionais e que nem sempre oferecem resultados satisfatórios.

A cirurgia da mulher foi tão complexa que durou 23 horas. Mas os esforços valeram a pena: ainda é necessário mais tempo para avaliar possíveis rejeições pelo organismo e outros problemas, mas graças ao novo crânio, a jovem já recuperou a sua visão e não sente mais dores.

(Atenção: o vídeo abaixo exibe imagens fortes)

Como adendo, os médicos relataram ainda que o crânio foi tão bem modelado pela impressora que é quase impossível perceber que ela passou por uma operação de tamanha magnitude.

O caso abre mais um precedente importante, tanto que está sendo comemorado não só pela paciente como pela equipe médica, não podendo ser diferente: como explicou o doutor Verweij, próteses feitas em impressoras 3D poderão ser utilizadas para tratar pessoas que tiveram perda óssea na cabeça por conta de acidentes ou tumores, por exemplo.

 Com informações: ExtremeTech, CNET

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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