Uma nova forma de desbloquear a tela do seu smartphone: realizar pequenas tarefas

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 semanas

Alguma vez já passou pela sua mente que a ação de desbloquear a tela do seu smartphone pode contribuir para uma pesquisa científica ou então realizar alguma tarefa que te beneficiará? Pois é exatamente nisso que alguns pesquisadores nos Estados Unidos e Canadá estão trabalhando.

A ideia é que, em vez de digitar uma senha ou executar um gesto de desbloqueio, você responda a uma pergunta, complete um quebra-cabeça bem simples ou realize um cálculo rápido, por exemplo. O procedimento liberaria o acesso ao celular e, ao mesmo tempo, geraria dados para alguma atividade intermediada por um aplicativo em segundo plano.

Trata-se uma maneira nova de executar crowdsourcing, conceito que divide uma tarefa grande em “micro-tarefas” e as enviam para várias as pessoas, ou seja, que se utiliza de conhecimento colaborativo e voluntário para resolver problemas.

Podemos usar como referência o reCAPTCHA, do Google. Páginas que usam este sistema pedem para você informar caracteres presentes em uma imagem como forma de combater “bots”, mas sempre há uma palavra ou número junto que o Google capturou de livros digitalizados ou de fotos do Street View, por exemplo.

Estes números e palavras aparecem para várias pessoas. Quando a maioria informa o mesmo resultado, o Google consegue então presumir que caracteres estão presentes ali. É uma forma de identificar a numeração de casas no Google Maps, por exemplo.

Twitch - vários tipos de tarefas
Twitch – vários tipos de tarefas

A equipe do professor Michael Bernstein, da Universidade de Stanford, é uma das que estão estudando a ideia. Eles criaram um app para Android chamado Twitch que pode pedir ao usuário diferentes tipos de tarefas simples para desbloquear a tela do smartphone.

Entre elas, estão classificar imagens (em qual foto aparece uma bola?), identificar cores, informar quantas pessoas estão ao seu redor no momento (uma questão informativa, ou seja, não tem certo ou errado), o que você está fazendo agora (vendo TV, fazendo academia, almoçando, etc.) e assim por diante. Não é nada demorado, convém frisar: o tempo médio para desbloqueio via Twitch ficou em 1,6 segundo.

Determinadas perguntas ajudam com estudos sobre comportamento, por exemplo, mas também podem ter finalidades comerciais. Para estes casos, o usuário pode receber algum tipo de compensação.

É nesta linha de pensamento que segue a pesquisa de Khai Truong, professor da Universidade de Toronto. Ele desenvolveu um aplicativo para Android similar, de nome Slide to X, que conta com o adendo de poder gerar estatísticas sobre os desbloqueios e atrelar às informações coletadas às localizações geográficas dos usuários.

A principal diferença em relação à pesquisa de Michael Bernstein é que Truong pagou US$ 20 para que os participantes testassem o Slide to X por duas semanas. Ainda é necessária uma análise mais detalhada, mas parece que a ideia deu certo: os usuários, em sua maioria, concordaram em continuar utilizando o app após o período de testes em caso de novo pagamento.

A recompensa não precisa ser, necessariamente, dinheiro. Empresas podem explorar a ideia oferecendo créditos para celular, descontos em compras, acesso a serviços exclusivos, entre outros.

Só não espere por uma invasão de aplicativos do tipo prontamente. Antes disso é necessário resolver algumas questões, especialmente aspectos de privacidade e segurança. Como impedir que terceiros acessem o celular resolvendo uma tarefa no desbloqueio, por exemplo?

Com informações: MIT Technology Review

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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