Ficar sem sinal ao passar por determinados lugares ou navegar em velocidades baixas em redes móveis são situações corriqueiras para muita gente (não só no Brasil, acredite). Mas a Artemis, uma pequena empresa da Califórnia, nos Estados Unidos, afirma ter desenvolvido a solução: uma tecnologia de nome pCell.

As redes de telefonia celular têm este nome porque os locais de cobertura são divididos em regiões chamadas células. Cada uma delas cobre uma área de maneira adjacente à outra, de forma a evitar sobreposição ou interferências.

O problema deste esquema é, quando os limites da região são ultrapassados, muitas vezes o telefone não consegue encontrar a célula mais próxima, seja porque o alcance em relação à base está fraco, seja porque exatamente ali há um “ponto cego”.

Outro problema é que, não raramente, há um número excessivo de aparelhos utilizando a mesma célula simultaneamente. Aí você já sabe o que acontece: chamadas não completadas, rede de dados lenta, sinal intermitente e assim por diante.

A tecnologia pCell promete resolver ou ao amenizar severamente estas limitações propondo um sistema de células dinâmicas e que, ao contrário do esquema atual, prioriza sobreposição. A combinação delas faz com que cada dispositivo conectado à rede tenha uma espécie de célula particular.

Células convencionais versus pCells

O truque está no uso de vários transmissores relativamente próximos entre si. Cada vez que o sinal de um cruza com a cobertura de outros, aquele exato ponto constitui uma pequena célula.

Como cada dispositivo conectado estará sujeito a uma combinação inteligente e equilibrada de transmissores, em tese, pode-se aproveitar melhor a velocidade máxima da rede (exceto se houver algum problema não relacionado a este aspecto), assim como diminuir a existência de pontos cegos.

O problema é que é necessário o uso de um número substancial de antenas. A contrapartida é que a pCell é formada por transmissores tão pequenos que podem ser segurados com as mãos e instalados facilmente em telhados, postes de iluminação, paredes e assim por diante.

Antena pCell

Mesmo sendo de fácil instalação, a adoção da pCell exigirá a troca de toda a infraestrutura atual, portanto, a sua utilização em grandes áreas não parece muito viável. Por outro lado, dá para imaginar a tecnologia sendo aproveitada em pequenas cidades, shoppings ou estádios de futebol, por exemplo.

Em laboratório, os testes da pCell apresentaram bons resultados. Falta agora experimentar a ideia na “vida real”. Para tanto, a Artemis pretende instalar cerca de 350 transmissores em San Francisco, Estados Unidos, nos próximos meses. Se os testes forem satisfatórios, a empresa deverá iniciar suas operações comerciais no final de 2014.

A proposta ainda causa desconfiança, mas há ao menos um fator que gera expectativas: por trás da Artemis está Steve Perlman, o empresário que criou a OnLive, aquela rede de jogos nas nuvens. A empresa estagnou por falta de dinheiro, mas (quase) ninguém duvida da genialidade do serviço.

Convém frisar que a pCell não é uma proposta recente. Pode-se dizer que a ideia é a versão final da tecnologia DIDO (Distributed-Input-Distributed-Output), apresentada pelo próprio Perlman em 2011.

Com informações: Venture Beat

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Canal Exclusivo

Relacionados