Em mais uma leva de documentos vazados por Edward Snowden e divulgados hoje, foi descoberto que a NSA, em sua caça a terroristas que pudessem estar com planos de ameaçar os EUA, foi longe na busca. Os documentos obtidos pelo Guardian indicam que a Agência de Segurança Nacional se infiltrou no World Of Warcraft, no Second Life e na Xbox Live atrás de atividades suspeitas.

Em 2008, agentes da NSA passaram a ter o emprego dos sonhos “jogar” durante o expediente para encontrar traços de atividade terrorista nos mundos virtuais. A NSA e a GCHQ (equivalente britânico da agência americana) acreditavam que os canais de comunicação desses jogos poderiam ser ideais para recrutar novos terroristas e espalhar suas ideologias pelo mundo. Isso por causa do anonimato fornecido por eles – o Second Life, especificamente, estava introduzindo o envio de mensagens anônimas e pretendia permitir o uso de voz.

A operação foi tão extensa que, em certo ponto, foi necessário infiltrar um outro grupo para que os agentes não monitorassem um ao outro ou atrapalhassem as investigações dos companheiros. Também houve a intenção de recrutar gamers para atuarem como espiões da agência.

Edward Snowden, delator da espionagem. Esse cara tá ferrado
Edward Snowden, delator da espionagem do governo americano

Pelo que o Guardian diz, foi no Second Life que a operação foi mais pesada, durando até 2009 e conseguindo algum fruto: informações reveladas por um jogador sobre um grupo que vendia cartões de crédito roubados. Mas, em relação aos terroristas, não há nenhuma menção, nos documentos, de quaisquer terem sido encontrados em nenhuma das operações em meio aos gamers.

A Blizzard, de WoW, se manifestou sobre o assunto, dizendo que nunca autorizou nenhum tipo de monitoramento. Já o Linden Lab, responsável pelo Second Life, e a Microsoft, criadora da Xbox Live, não falaram nada. Aliás, não é a primeira vez que a Microsoft se envolve com as polêmicas da NSA: quando o negócio estourou, ela foi apontada como uma das companhas que mais colaborou fornecendo informações de usuários para o governo – mas negou tudo.

O problema aqui, como de costume, é na questão da privacidade. Não há detalhes de como o governo teve acesso aos dados trocados por jogadores in-game e que tipo de informações foram coletadas. Uma preocupação levantada pelo jornal britânico que deu a notícia é quanto às informações biométricas, considerando que  maior parte das máquinas tem microfones e câmeras. Também há os padrões de comportamento e outros dados de cadastro, que podem servir para criar um belo banco de dados de milhões de usuários.

O Guardian prometeu publicar os tais documentos ainda hoje, em parceria com o New York Times e a ProPublica; caso queira ler na íntegra a papelada, fique de olho nesses sites.

Com informações: Engadget

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Giovana Penatti

Giovana Penatti

Ex-editora

Giovana Penatti é jornalista formada pela Unesp e foi editora no Tecnoblog entre 2013 e 2014. Escreveu sobre inovação, produtos, crowdfunding e cobriu eventos nacionais e internacionais. Em 2009, foi vencedora do prêmio Rumos do Jornalismo Cultural, do Itaú. É especialista em marketing de conteúdo e comunicação corporativa.

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