Sede do Google em Mountain View, na Califórnia (Foto: Wikipédia)

366 dias se passaram e certamente você se lembra que, neste ano, o Google apresentou os novos integrantes da família Nexus, inclusive um tablet de 7 polegadas de apenas 199 dólares que recebeu vários elogios da imprensa especializada. Mas 2012 também foi o ano em que a companhia de Mountain View anunciou um óculos futurístico, melhorou o Android e, como toda grande empresa, também teve probleminhas na justiça. Aproveite que o imperdível Show da Virada ainda não começou e acompanhe abaixo os fatos marcantes do Google em 2012.

Família Nexus

Com a ajuda dos parceiros de hardware, o Google transformou a marca Nexus numa família completa de dispositivos com Android. A marca Nexus, antes usada no smartphone topo de linha atualizado pelo Google, passou a fazer parte do nome dos tablets Nexus 7 e Nexus 10, além de um reprodutor de mídia chamado Nexus Q, que não foi exatamente um sucesso.

Nexus 7, o tablet de US$ 199 que roda Android

O Nexus 7 foi um dos gadgets que mais causou impacto no ano. O Google se mexeu para resolver um grande problema do Android nos tablets: mesmo com um ecossistema bem fraco em relação ao iOS, os parceiros do Google vendiam seus tablets por preços similares ou até maiores que o iPad. Poucas pessoas arriscavam pagar mais caro para, no final das contas, usar um sistema engasgado e aplicativos para smartphone esticados.

Por apenas 199 dólares, o Google conseguiu oferecer um tablet bastante competitivo, com hardware de ponta e acabamento que não deixa nada a desejar em relação aos dispositivos mais caros. A atraente relação custo-benefício do Nexus 7 fez dele um sucesso de vendas: segundo a Asus, cerca de 1 milhão de unidades são vendidas por mês. Sim, ainda está longe das vendas do iPad, mas está acima dos outros tablets Android lançados antes dele. Aliás, foi após o Nexus 7 que a Apple lançou um iPad menor.

LG Nexus 4 é o sucessor do Galaxy Nexus

O Galaxy Nexus da Samsung foi aposentado para dar lugar ao Nexus 4, smartphone de 299 dólares fabricado pela rival LG. A única grande crítica apontada pelas análises de sites estrangeiros foi a falta de suporte ao 4G LTE, uma rede que está apenas engatinhando no Brasil. A construção foi aprimorada em relação ao antecessor, a autonomia da bateria aumentou e o Android está mais rápido que nunca em um Nexus que ganhou hardware de ponta.

Fabricado pela Samsung, Nexus 10 tem tela de altíssima definição

A aposta do Google para tentar competir no mercado de tablets maiores foi o Nexus 10, que traz uma linda tela com resolução de 2560×1600 pixels. E claro, o Google também apostou no preço: custando a partir de 399 dólares na versão com 16 GB de armazenamento e conexão Wi-Fi, ele está consideravelmente mais barato que o iPad e os tablets “premium” com Android. Com o novo processador Exynos da Samsung, 2 GB de RAM e Android 4.2, desempenho não deve ser problema para o Nexus 10.

Em tempo: o Google também lançou um dispositivo chamado Nexus Q.

Project Glass

No dia 4 de abril de 2012, o Google tornou público o Project Glass, a aposta da empresa em realidade aumentada. Digno de filme futurista, os óculos do Google ficam constantemente conectados com a internet e podem mudar a maneira como interagimos com as pessoas e o ambiente — seja para melhor ou para pior. Os primeiros vídeos do Project Glass apresentaram conceitos tão legais que a ideia parecia uma brincadeira atrasada de Dia da Mentira do Google.

Project Glass: a aposta do Google em realidade aumentada

De acordo com as informações divulgadas até agora, no futuro os óculos poderão exibir informações dinâmicas no campo de visão do usuário, que poderá consultar sua agenda, andar pela cidade com a ajuda de direções obtidas pelo Google Maps, descobrir locais novos, encontrar amigos que estejam por perto e até tirar fotos, sempre usando comandos de voz. Tudo integrado ao Google+ e aos demais serviços da empresa de Mountain View.


(Vídeo no YouTube)

Uma das polêmicas levantadas sobre os óculos do Google foi em relação ao comportamento humano e novas regras de etiqueta. Não tem jeito: se alguém estiver com uma câmera por perto, filmando tudo, você não vai conseguir se comportar naturalmente. Será que, num possível futuro em que muitas pessoas usarem o Google Glass, ficaremos menos à vontade em ambientes públicos?

Chrome

Este foi um ano muito importante para o Google Chrome. Apesar de não ter ganhado tantos recursos novos, ele conquistou a atenção de muita gente. O Chrome, que já era o navegador mais usado no Brasil desde o ano passado, ganhou o título navegador mais usado no mundo em 2012, ultrapassando o todo poderoso Internet Explorer, de acordo com dados do StatCounter. Ele também é maioria entre os leitores do Tecnoblog. 52,83% dos acessos a este blog foram feitos através do navegador do Google em 2012.

Chrome para iPad

Após fazer sucesso nos PCs, o Chrome se aventurou nos dispositivos móveis. No Android, o Chrome trouxe a comodidade de sincronizar histórico, favoritos, senhas, abas e outros dados de navegação com a versão para desktop. No iOS, apesar de estar limitado a um motor de renderização mais lento que o utilizado no Safari, o Chrome trouxe, além da sincronização com o navegador para desktop, a eficiente barra de endereços universal e a pesquisa por voz, inclusive com suporte ao português do Brasil.

Novo Chromebook tem processador ARM da Samsung

A marca Chrome também é usada no sistema operacional Chrome OS, que neste ano adotou uma interface mais completa, lembrando um pouco o Windows 7. A família de Chromebooks, os laptops que rodam o Chrome OS, ganhou um integrante de peso. Fabricado pela Samsung, o novo Chromebook é leve, fino e carrega o novo processador Exynos, além de uma bateria com 6h30min de autonomia. Preço? Apenas US$ 249, com direito a 100 GB de espaço no Google Drive por dois anos. É o Chromebook “para todo mundo”, como o Google diz.

Jelly Bean

Outro produto do Google que ganhou bastante destaque em 2012 foi o Android, sistema que agora responde por mais de 50% da venda de smartphones no mundo. Foram duas novas versões que, apesar de não trazerem mudanças visuais significativas em comparação com o Ice Cream Sandwich, receberam muitas alterações por baixo dos panos.

Android 4.2: um novo sabor do Jelly Bean

A fluidez, um dos pontos mais criticados do Android, melhorou muito a partir da versão 4.1. Graças ao Project Butter, o sistema está visivelmente mais rápido e as animações não engasgam tanto como antigamente, tornando a experiência de uso muito melhor. Ainda não é um Windows Phone 7, mas o avanço foi notável.

Um dos recursos adicionados ao Android foi o Google Now, um assistente pessoal inteligente que exibe informações úteis sem que você precise fazer perguntas. Totalmente integrado aos serviços do Google, o Now mostra informações antecipadas sobre horários de ônibus, avisos de compromissos e informações úteis para quem está viajando para outro país, tudo em português e no Brasil. Em determinados países e idiomas, o Google Now é capaz de exibir automaticamente dados sobre o estado da sua compra através de emails de lojas enviados para o seu Gmail e também reconhece comandos de voz.

Google Now nem precisa falar para ser útil

Apesar do grande sucesso nos smartphones, o Android ainda é um novato no mercado de tablets. Mas o Google agiu para tentar melhorar o sistema: além de lançar tablets com a marca Nexus, incluiu o suporte a múltiplos usuários na versão 4.2 e publicou diretrizes para que os desenvolvedores façam aplicativos com interfaces adaptadas para telas maiores, que estão aumentando, mas ainda são escassos no Google Play.

Problemas na justiça e polêmicas

Mas 2012 não foi apenas um ano de lançamentos do Google. Foi um ano em que a empresa também se meteu em muitos problemas na justiça.

No final de setembro, o presidente do Google Brasil, Fábio Coelho, acabou sendo detido pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos. O motivo de toda a confusão foi um vídeo publicado no YouTube que satirizava o político Alcides Bernal, candidato à prefeitura de Campo Grande.

Em propaganda eleitoral, o candidato errou o significado da sigla IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e se sentiu ofendido com um vídeo que apontava o erro seguido da célebre frase “Que burro, dá zero pra ele!” do nosso querido Chaves. O Google Brasil, citando liberdade de expressão, não removeu o vídeo imediatamente, descumprindo uma decisão judicial.

Fábio Coelho, presidente do Google Brasil

O YouTube também foi alvo de outro processo que repercutiu bastante na imprensa. A família do jovem Nissim Ourfali processou o Google Brasil após um vídeo de convite para o Bar Mitzvah se tornar um viral, com milhões de visualizações. A justiça decidiu que o Google deveria remover o conteúdo, e a decisão foi cumprida. Agora, em vez do vídeo, o YouTube mostra uma mensagem dizendo que o conteúdo foi removido devido a um “requerimento legal do governo”.

Ainda no Brasil, o Google causou confusão com o Buscapé após lançar seu próprio serviço de comparação de preços, o Google Shopping. Diferentemente do Buscapé, o Google não cobra nada das lojas interessadas em cadastrar seus preços no serviço. O Buscapé acredita que o Google se aproveita da posição dominante no mercado de busca para exibir resultados diferenciados e assim privilegiar seus próprios produtos, o que afetaria os negócios da empresa nacional. O Buscapé perdeu o processo em primeira instância.

Outro assunto muito discutido em 2012 foi a questão da privacidade, e o Google esteve envolvido em várias polêmicas. O ano já começou com a mudança da política de privacidade, com o objetivo de “fornecer uma experiência mais personalizada”. Algumas publicações disseram que o Google estaria quebrando a promessa “Don’t be evil”, mas, no final das contas, essa simplificação serviu para que o Google lançasse ferramentas como o Google Now, que usa dados de todos os seus serviços para exibir informações relevantes.

Em um ano cheio de disputas judiciais entre empresas de tecnologia, o Google conseguiu vencer a Oracle num processo envolvendo quebra de patentes. Em maio, a empresa também pagou uma multa de US$ 22,5 milhões após enviar, sem permissão, cookies para usuários do navegador Safari. Curiosamente, a empresa não admitiu o crime.

O que esperar para 2013?

O ano que está chegando pode responder algumas perguntas importantes. O Google+ finalmente vai vingar, ou vai continuar restrito a um pequeno número de usuários realmente ativos? O Android vai conseguir fornecer uma boa experiência nos tablets, com aplicativos adaptados para telas maiores? Serviços que estão quase morrendo, como o FeedBurner, vão dar seu último suspiro em 2013? Os Chromebooks vão atingir um número expressivo de vendas? E o Google TV, por onde anda?

Lançamentos do Google costumam ser bem imprevisíveis, logo, não temos como adivinhar o que a empresa está preparando para 2013. Mas certamente será um ano de decisões para o Google, que verá vários de seus produtos evoluindo e se popularizando — ou entrando de vez no grupo dos fracassados.

Retrospectiva 2012 no Tecnoblog: Apple | Banda larga e telefonia | Google | Jogos – Parte 1 e Parte 2 | Linux e software livre | Microsoft

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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