Motivo da briga entre Apple e Google nos mapas do iOS: navegação por voz, diz AllThingsD

Thássius Veloso
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• Atualizado há 1 semana

A recente confusão com a chegada de novos mapas, agora sem tecnologia do Google, tem tudo a ver com um atributo do aplicativo de mapas para o Android que a Apple tanto queria nos iTrecos: a navegação ponto a ponto por voz. Sabe quando a “moça do Google” vai te dizendo qual caminho tomar? Nunca foi uma realidade para quem carrega um iPhone no bolso. Segundo apurou o site AllThingsD, a Apple pediu este recurso e não foi devidamente atendida.

Fontes ouvidas pelo site confirmam que a Apple via na navegação por voz uma grande vantagem que o Google oferecia somente no sistema próprio, o Android. Quando o contrato entre as companhias foi fechado para o lançamento do primeiro iPhone, em 2007, não havia cláusulas referentes à navegação por voz porque nenhuma das empresas envolvidas vislumbrava o recurso. Ao menos é o que se diz à boca pequena nos bastidores.

Ruas? Quem precisa de ruas hoje em dia?
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O Android ascendeu e o software de mapas nativo, depois de receber milhões em investimento para desenvolvimento de tecnologias, chegou ao estado da arte que conhecemos atualmente. O Google detém uma série de bases de dados necessárias para criar uma experiência de navegação por voz decente. Por sua vez, a Apple solicitava o acesso a esses dados para melhorar a experiência do iPhone e colocá-la no mesmo nível do que os donos de Android tinham faz tempo.

O buscador, que de bobo nada tem, pediu algumas coisas em troca. Primeiro, presença mais forte da própria marca na interface do software de mapas do iOS. Ora, o dono do aparelho usual raramente fica sabendo que tem tecnologia do Google ali. A Apple negou o pedido. Também solicitaram a adição do Google Latitude (aquela espécie de Foursquare com informações de localização em tempo real), no que não foram novamente atendidos pela Apple.

Segundo o AllThingsD, os conflitos entre o que a Apple queria (os dados) e o que o Google queria (mais poder sobre o software de mapas) azedou a relação. Enquanto isso, a Apple se preparava para lançar um serviço próprio de mapas. Comprou pequenas empresas especializadas em localização geográfica quase que na surdina. Em meados de 2012, durante a conferência WWDC, anunciou que embutiria tecnologia própria (na verdade, comprada de terceiros) nos mapas. O Google já sabia dessa decisão e corria para lançar um app exclusivo de Google Mapas no iOS 6 – software que, até onde se sabe, está longe de ficar pronto.

A Apple tem adotado a postura de defender os mapas do iOS 6 afirmando que, por ser baseado na nuvem, as informações complementares do usuário farão do produto ainda melhor. Eis a nota encaminhada pela Apple Brasil ao Tecnoblog comentando o assunto: “Sendo Mapas uma solução baseada na nuvem, quanto mais pessoas usarem, melhor ele ficará. Também estamos trabalhando com desenvolvedores para integrar alguns dos surpreendentes aplicativos de trânsito da App Store para o Mapas do iOS.”

Eric Schmidt, o presidente executivo e ex-CEO do Google, disse nessa semana que “seria melhor se eles [a Apple] tivesse mantido o nosso [sistema de mapas]”. Ele também reconheceu que um eventual app de mapas do Google deverá passar pelo crivo dos avaliadores da App Store. Torçamos para que passe.

Burger King em uma igreja? Não: mapas do iOS 6 apresentado erros. Clique e saiba mais no episódio 22 do podcast
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Thássius Veloso

Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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