Samsung vs. Apple: vendas reveladas, adesivos grandes demais e Google presta ajuda

Rafael Silva
Por
• Atualizado há 5 dias

Estamos na segunda semana do julgamento de quebra de patentes do iPhone e a cada dia que passa mais segredos da Apple e Samsung são revelados, enquanto uma tenta provar que a outra está errada. Além de questionar experts em design no começo da semana, ontem as fabricantes foram obrigadas a revelar os números de vendas dos aparelhos envolvidos no processo. E de quebra ainda criaram polêmica em torno de adesivos cobrindo as evidências do processo.

Samsung vende menos tablets do que a Apple, avisa Capitão Óbvio

Os números que a Apple não queria que fossem divulgados finalmente estão abertos. Os da Samsung também, mas a sul-coreana não se impôs muito à divulgação. Em documentos liberados pela corte responsável pelo processo ontem, é possível ver o tamanho das vendas de diversos dispositivos móveis, mas somente nos EUA. O AllThingsD fez um gráfico bastante útil sobre isso.

Em suma, a Apple já vendeu mais de 34 milhões de iPads dos mais variados modelos desde o junho de 2010 até julho de 2012, gerando um total de receita de mais de US$ 19 bilhões. Nesse mesmo período a Samsung vendeu nos EUA 1,4 milhão de unidades dos modelos do Galaxy Tab, faturando ao todo US$ 644 milhões.

Sobre os aparelhos de celular, a Samsung vendeu, também entre junho de 2012 e julho de 2012, mais de 21,25 milhões de unidades ao todo (4,1 milhões deles eram apenas modelos variados do Galaxy S II) conseguindo uma receita bruta de US$ 7,5 bilhões. Desde o lançamento do primeiro iPhone, em junho de 2007, até julho de 2012, a Apple vendeu mais de 85 milhões de unidades do celular nos EUA, recebendo mais de US$ 50 bilhões em receita.

Com as tabelas reveladas, também foi possível calcular as margens de lucro da Apple. Para cada iPad WiFi de 16 GB vendido pela Apple, por exemplo, a empresa embolsava entre 116 e 160 dólares do seu preço cheio (499 dólares).

Samsung reclama de adesivos grandes demais

Segundo relatos dos jornalistas cobrindo o julgamento, existem 2 carrinhos e meio lotados de evidências relacionadas ao processo e que contém, entre eles, vários celulares e tablets. Esses aparelhos foram alvos de críticas dos dois lados da disputa hoje, primeiro da Samsung e depois da Apple. O motivo? O tamanho dos adesivos que os cobrem.

Adesivos: segundo a Samsung, eles cobrem o design do aparelho

Segundo Florian Muller no Foss Patents, a Samsung reclamou que a Apple colou adesivos grandes demais nos aparelhos e, por isso, os membros do júri poderiam não ver certos itens dos celulares que os diferenciam do design do iPhone. Já a Apple, depois da acusação da parte contrária, disse o mesmo sobre os adesivos da Samsung.

A juíza Lucy Koh decidiu, então, que os adesivos atrás vão permanecer, mas o juri pode retirá-lo quando estiverem deliberando sobre o caso. Os advogados da Samsung também afirmaram que vão diminuir a fonte usada nos adesivos. E nessa brincadeira toda, os advogados de ambos os lados foram os principais vencedores já que embolsaram mais alguns trocados.

Especialistas em design: cópia não foi acidental e confusão acontece

Os primeiros dias do caso foram preenchidos com especialistas em design contratados pela Apple dizendo o quanto a Samsung teria copiado nos seus aparelhos. E pelo jeito não precisou se esforçar muito. A Apple apresentou slides traduzidos da Samsung em que a equipe de design da sul-coreana mostra que uma das maneiras de deixar o Galaxy S melhor é… imitar mais a interface do iPhone.

Slide da Samsung: ops. | Clique para ampliar

A Apple também mostrou que depois do lançamento do iPad a Samsung pareceu se inspirar demais no design do seu tablet ao lançar o Galaxy Tab 7 e 10.1. E a empresa de Cupertino também fez questão de mostrar outros tablets Android que não infringem no design do seu iPad, o que em teoria mostraria que a Samsung copiou os designs por que quis.

Apple mostra como a concorrência não copia o iPad

A semelhança dos tablets e smartphones é tanta que alguns consumidores americanos ficaram confusos. Uma testemunha chamada para depor hoje pela Apple, Kent Van Liere, Kent é especialista em pesquisas e fez um teste. Ele questionou transeuntes em um shopping testando qual a probabilidade de um tablet ou celular da Samsung ser confundido com um da Apple.

Segundo Kent, 38% das pessoas que viram imagens da frente do Galaxy Fascinate da Samsung acharam que se tratava de um iPhone e o número de pessoas que confundiram o smartphone da Apple com o Galaxy S II Epic 4G foi de 37%.

Google está ajudando Samsung

Segundo fontes da CNET, a Samsung escolheu uma firma de advogados chamada Quinn Emanuel para se defender das acusações da Apple nos EUA. Acontece que essa firma já representou o Google em diversos processos passados envolvendo direitos autorais e patentes, algo no mínimo curioso.

Mas o ponto em comum vai além disso. Um dos advogados da Quinn Emanuel, chamado Charles Verhoeven, é um dos principais advogados no processo contra a sul-coreana dos eletrônicos. Ele também representa a HTC, a Motorola e até a Barnes & Noble em outros processos envolvendo o Android.

Obviamente um porta-voz do Google não quis comentar a coincidência, mas as fontes afirmam que o acordo que a gigante de busca tem com a firma de advogados é de ajudar todos as firmas fabricantes de Android caso alguma delas seja processada.

O caso ainda está longe de acabar

A épica batalha de patentes envolvendo as duas maiores fabricantes de celulares do mundo deve se arrastar pelo menos até o final de agosto. E nenhuma das empresas parece que está afim de encerrar o processo com um acordo, o que elas querem é que uma pague à outra uma enorme quantia de dinheiro pelas infrações. O número de documentos já incluídos no processo, segundo a Reuters, é de mais de 1,6 mil, então é certo dizer que o trabalho do juri não vai ser fácil.

Com informações: CNET, AllThingsD.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

Canal Exclusivo

Relacionados