Intel não vê futuro para os processadores ARM

Fabricante continuará investindo pesado na arquitetura x86.

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 1 semana
Orange San Diego tem processador single-core Intel Atom Z2460 de 1,6 GHz.

Enquanto a plataforma ARM cresce e evolui nos dispositivos móveis, a Intel resolveu seguir outro caminho. Em abril, a fabricante de Santa Clara anunciou o primeiro smartphone com processador Atom, o Xolo X900. Recentemente, a Intel mostrou em Londres outro aparelho com processador x86, o Orange San Diego. A Chipzilla deve continuar seguindo essa estratégia e não acredita que o ARM realmente possa ser mais eficiente que o x86.

O diretor do grupo de mobile e comunicações da Intel, Mike Bell, declarou nesta semana que o Android ainda não está pronto para os processadores ARM dual-core e quad-core dos smartphones topo de linha. Em testes de laboratório da Intel, os processadores multi-core executaram tarefas mais lentamente que os single-core. O curioso é que os processadores Atom Medfield possuem núcleos lógicos graças a tecnologia Hyper Threading, introduzida no Pentium 4.

Apesar dos processadores Atom não executarem instruções ARM, isso não gera tantas incompatibilidades com os aplicativos do Android, já que esses softwares rodam dentro da máquina virtual Dalvik. Dessa forma, enquanto o Dalvik continuar funcionando em processadores x86, os aplicativos (teoricamente) também funcionarão. O problema fica por conta de aplicativos nativos, mas a Intel diz ter desenvolvido um software que “traduz” código nativo para x86. Entre os 100 aplicativos gratuitos da Play Store, o Orange San Diego com Atom Z2460 de 1,6 GHz foi capaz de rodar 94 deles, de acordo com o review do The Verge.

Ao ser questionado sobre a eficiência energética dos processadores ARM em relação aos x86, Mike simplesmente declarou: “Eu não vejo nenhum dado que sustente a ideia de que o ARM é mais eficiente”. Ele admite que o Atom não é o processador mais econômico, mas em algumas tarefas a tecnologia da Intel se dá bem, como a reprodução de vídeos em 1080p. O consumo de energia em standby dos Medfield é um dos melhores, de acordo com o executivo.

Processadores Samsung Exynos (Foto: AnandTech)
Intel não acredita na superioridade dos processadores ARM.

Existe uma teoria que afirma que os processadores x86 são claramente menos eficientes que os ARM porque os primeiros seguem a antiga linha de arquitetura CISC e precisam suportar código legado. Assim, em condições iguais, um chip x86 sempre consumirá mais energia que um ARM. Mas Mike discorda: “Não há nada num conjunto de instruções que seja mais ou menos eficiente que outro conjunto”. Além disso, ele lembra que a Intel possui 30 anos de experiência na área e possui uma tecnologia “melhor que a dos concorrentes”.

Vale lembrar que, apesar da Intel teimar com o x86 e acreditar em sua própria capacidade, o que não é errado, a Kodak era imbatível na fabricação de filmes fotográficos. Em 1976, a fabricante norte-americana era responsável por 90% das vendas de filmes e 85% das vendas de câmeras fotográficas. O mundo decidiu migrar para a fotografia digital, os lucros foram caindo e recentemente a Kodak entrou com um pedido de falência. Mas a Intel diz estar investindo muito e não acha que essa história possa se repetir com ela. Então tá.

Com informações: ExtremeTech.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Relacionados